Na atualidade, algumas ações são consideradas como imprescindíveis em nossa vida material: um bom emprego, um bom salário, uma boa faculdade, a prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada, horas de lazer e descanso balanceadas...
Enganam-se aqueles que pensam que, pelo fato de o Espiritismo ser uma doutrina séria, não seja permitido fazer uso das facilidades da vida material ou aproveitar os momentos de alegria que a Bondade Divina nos concede aqui na Terra. O problema não está no uso mas sim no abuso. Também se enganam aqueles que pensam que, para merecer a constante proteção espiritual, seja necessário passar o dia todo em oração, tomar passes de segunda a segunda no Centro Espírita, isolar-se do convívio social, etc...
Os Benfeitores Espirituais nos esclarecem justamente o contrário! Devemos nos sujeitar às obrigações de ordem material e também saber aproveitar os recursos que ela nos oferece, com uma única ressalva: que, antes de iniciar uma tarefa, elevemos nosso pensamento a Deus, rogando a Sua proteção e, ao terminá-la, não esquecermos de agradecer pela assistência espiritual recebida! Que todos os nossos atos sejam subordinados à caridade e que o nosso maior patrimônio é a consciência tranquila e o bem praticado!
No entanto, todos eles nos advertem de que o Evangelho de Jesus tem regime de urgência em nossa vida; que Seus ensinamentos se dirigem, sobretudo, ao nosso coração, propondo uma reforma de sentimentos, pensamentos e ações. A benfeitora espiritual Amélia Rodrigues (Bahia, 1861-1926), educadora e poetisa, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro "Pelos caminhos de Jesus", afirma: "Necessário parar na desabalada corrida da 'falta de tempo', para revisar, reconsiderar, repensar Jesus. Volver aos seus caminhos e percorrê-los, com reflexão e ternura, é tarefa inadiável."
Considerando-se que somente uma parte da humanidade terrestre afirma ser cristã; que entre os que se dizem cristãos, somente uma parte se dedica à leitura do Evangelho; que entre os que lêem, somente uma minoria entende; e, entre os que entendem, somente um número reduzidíssimo consegue colocar em prática seus ensinamentos, podemos dimensionar quanto é imenso o trabalho de evangelização, como é extensa a seara do Senhor e quão poucos os trabalhadores....
O Espírito São Vicente de Paulo (França, 1581-1660), considerado em vida como o pai dos pobres e dos órfãos, foi colaborador espiritual na elaboração do Espiritismo. Em mensagem contida no capítulo XIII, item 12, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, afirma: “Eu desejaria que se votasse mais interesse, mais fé às leituras evangélicas; mas abandona-se esse livro, considerado como texto quimérico, mensagem cifrada; deixa-se no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm do abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes sobre a abnegação de Jesus, e meditai-as.”
Em cada passagem, em cada episódio envolvendo a vida de Jesus entre nós, descobrimos, nas entrelinhas, o convite à renovação de pensamentos, emoções, atitudes e desejos. Por outro lado, o Evangelho é fonte de inefáveis consolações. Encontramos, em seu estudo aprofundado, a admirável personalidade de Jesus, seu imenso amor por nós, sua incansável dedicação ao ensino da caridade acompanhado da exemplificação constante. E descobrimos, aos poucos, que não estamos sozinhos; que Jesus não é um mestre ausente...
Mas, quando nos predispomos a estudá-lo, não demora muito para sermos surpreendidos pelo desânimo causado pela falta de coragem por constatarmos como é extensa nossa lista de imperfeições. Isso porque o Evangelho nos mostra o quanto ainda temos para corrigir em nós mesmos, quando, geralmente, estamos mais preocupados em corrigir os outros..
Nosso mundo íntimo se assemelha a um quarto escuro, onde vários objetos se mantêm em desordem, quebrados, empoeirados... Como se encontram na mais absoluta escuridão não há consciência do quanto uma arrumação se faz necessária. Porém, basta um pequeno feixe de luz para que se constate quanto trabalho será necessário para colocar tudo em ordem...
Francisco Cândido Xavier (1910-2002), de forma simples e meiga, assim se referia a esse fato: "A luz vai nos iluminando e vamos nos conhecendo por dentro, à maneira de uma casa abandonada há séculos... Entramos, então, nesse estado de inquietação, de amargura que não devemos conservar... Precisamos manter a alegria de termos recebido aquela Luz e devemos perseverar - ainda mesmo que as imperfeições se avolumem dentro de nós - como quem está reconstruindo a si mesmo."
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O vídeo abaixo foi exibido em nosso primeiro encontro para os estudos de "O Evangelho segundo o Espiritismo", aos domingos, das 16:30 às 18 hs.
(Tema abordado na reunião pública do dia 13 de junho de 2011)
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