Allan Kardec, no capítulo 4 item 18 de "O Evangelho segundo o Espiritismo" nos esclarece: "Os laços de família não são destruídos pela reencarnação como pensam certas pessoas. Pelo contrário, são fortalecidos e reapertados. O princípio oposto é que os destrói." Por "princípio oposto" deve-se entender a criação da alma no instante do nascimento, o que equivale a dizer que aqueles que constituem uma família seriam totalmente desconhecidos uns dos outros.
Na sequência do item 18: "Os Espíritos formam, no espaço, grupos ou famílias, unidos pela afeição, pela simpatia e a semelhança de inclinações. Esses Espíritos, felizes de estarem juntos, procuram-se. A encarnação só os separa momentaneamente, pois que, uma vez retornando à erraticidade, eles se reencontram, como amigos na volta de uma viagem. Muitas vezes eles seguem juntos na encarnação, reunindo-se numa mesma família ou num mesmo círculo, e trabalham juntos para o seu progresso comum. Se uns estão encarnados e outros não, continuarão unidos pelo pensamento." Notemos que Kardec destaca a base para essa união: a afeição, a simpatia e a semelhança de inclinações. Essa base é que garante a verdadeira afeição espiritual, a única que sobrevive após a morte do corpo.
Kardec também explica o motivo pelo qual algumas pessoas, por suas características de personalidade, parecem não pertencer ao núcleo familiar. Diz ele: "A união e a afeição entre parentes indicam a simpatia anterior que as aproximou. Por isso, diz-se de uma pessoa cujo caráter, cujos gostos e inclinações nada têm de comum com os dos parentes, que ela não pertence à família. Dizendo isso, enuncia-se uma verdade maior do que se pensa. Deus permite essas encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos nas famílias, com a dupla finalidade de servirem de provas para uns e de meio de progresso para outros. Os maus se melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e pelas atenções que deles recebem, seu caráter se abranda, seus costumes se depuram, as antipatias desaparecem."
Encontramos, nesses esclarecimentos, a certeza do quanto é grande a misericórdia divina, permitindo, a cada existência, que os Espíritos afins se procurem, fortalecendo os laços de amor que já os unia antes da reencarnação. Isso não quer dizer que nossos pais, filhos, cônjuges serão sempre os mesmos. Significa que, se houver afeição sincera entre todos, onde quer que estejamos, seremos atraídos sempre pelos sentimentos nobres que nos unem.
Sendo assim, os Benfeitores Espirituais ainda nos esclarecem que o lar é a primeira escola do Espírito reencarnante. E é no ambiente familiar que ele deve receber as primeiras lições de disciplina e respeito. Como aprenderemos a conviver com toda a humanidade - que é nossa família universal - se não conseguimos ainda conviver harmoniosamente dentro de quatro paredes com os nossos próprios familiares?
É pela importância da família no progresso espiritual da humanidade que os Benfeitores Espirituais nos recomendam o Culto do Evangelho no Lar. Temos tanta preocupação com a manutenção da limpeza de nossa casa, com a escolha e preparação dos alimentos, com a segurança de nossos entes queridos e, no entanto, deixamos de lado a questão da segurança espiritual, tão ou até mais necessária que as demais preocupações. O Culto do Evangelho no Lar é muito simples. Veja uma sugestão de como realizá-lo:
1- Escolher um dia e uma hora da semana em que seja possível a presença de todos os membros da família ou da maior parte deles. Iniciar a reunião com uma prece simples e espontânea, ditada pelo coração.
2- Fazer a leitura de um breve trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Poderão também ser utilizados outros livros.
3- Após a leitura, fazer comentários breves sobre o trecho lido, trocando opiniões com o grupo quanto à aplicação dos ensinamentos na vida diária, evitando-se discussões, críticas e julgamentos de membros do grupo ou de conhecidos em função da mensagem evangélica, para que se mantenha o equilíbrio vibratório da reunião.
4- A seguir, rogar a Jesus em favor do lar onde está sendo feito o Culto do Evangelho, para as pessoas presentes, por seus familiares e amigos e pedir pela fluidificação da água, que será distribuída após o encerramento.
5- Encerrar com uma prece de agradecimento a Deus
A duração deve ser de até 30 minutos, no máximo, incluindo a prece de encerramento. Se houver crianças participando, incluir alguma leitura, especialmente voltada para o evangelização infantil. Mas, atenção para alguns detalhes importantes:
1. Uma vez escolhidos, o dia da semana e o horário de realização do Evangelho no Lar devem ser respeitados. Assiduidade e pontualidade são importantes na obtenção de boa sintonia com os protetores do nosso lar. Por isso, caso seja necessário qualquer alteração avisar na reunião anterior sobre as mudanças.
2. Não transferir ou suspender a reunião em virtude de visita inesperada, hóspedes (podendo-se convidá-los a participar da reunião), compromissos de última hora, etc. Caso seja inadiável a ausência da família, antes de sair pode-se fazer uma prece e ler um breve trecho do Evangelho, rogando a assistência espiritual necessária para o compromisso inadiável..
3. Mesmo que o Evangelho seja realizado em torno de uma mesa, não haverá necessidade de forrá-la com toalha ou colocar flores, imagens, retratos ou qualquer outro objeto.
4. Não transforme o culto do lar em reunião mediúnica. Lembramos aqui a insistente recomendação do Plano Espiritual, pois os lares não estão preparados para esse tipo de trabalho, que requerem condições vibratórias especiais, só encontrados em centros espíritas.
3. Mesmo que o Evangelho seja realizado em torno de uma mesa, não haverá necessidade de forrá-la com toalha ou colocar flores, imagens, retratos ou qualquer outro objeto.
4. Não transforme o culto do lar em reunião mediúnica. Lembramos aqui a insistente recomendação do Plano Espiritual, pois os lares não estão preparados para esse tipo de trabalho, que requerem condições vibratórias especiais, só encontrados em centros espíritas.
5. Não se deve transformar o momento do Culto do Evangelho em ocasião para dizer "algumas verdades" aos nossos familiares, aproveitando as orientações do texto lido, com indiretas ou apontando erros de condutas dos outros. Lembremo-nos que os ensinamentos de Jesus se dirigem a todos, indistintamente.
6. Caso nenhum dos familiares queira participar, façamos o Culto do Evangelho sozinhos, pois sabemos que os nossos bondosos amigos espirituais sempre nos acompanharão.
(Tema abordado na reunião pública do dia 30 de maio de 2011)
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