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Agradecemos a todos os que nos dão a alegria de sua visita, ajudando-nos na divulgação da esclarecedora e consoladora mensagem espírita. Rogamos a Deus que a todos ilumine e proteja, com nossos votos de paz e saúde, amor e harmonia, onde quer que estejam...

sábado, 13 de julho de 2013

O poder da resignação

Virtude esquecida e pouco trabalhada, a resignação é a base para nossa paz com Deus.
Ensina-nos o benfeitor espiritual Lázaro, em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Cap. IX, item 8), que: “a obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração.”
Sobre essa virtude, o benfeitor espiritual André Luiz, em seu livro “Agenda cristã”, ensina que “a rocha garante a vida no vale por resignar-se à solidão” e que “a resignação tem o poder de amenizar o impacto causado pelo sofrimento.”
Resignação não é o mesmo que conformismo. Enquanto o conformista se acomoda às circunstâncias, seja por preguiça, indolência, orgulho ou, até mesmo, por ignorância, o resignado procura se adequar sempre aos desígnios divinos e às lições de Jesus, sem deixar de se melhorar, melhorando a vida em torno de si e daqueles com quem vive.
Os que vivem revoltados ou indignados contra tudo e contra todos, acabam por se tornar antipáticos aos outros, além de correr o risco de prejudicar a própria saúde, física e mental.
Já os submissos a Deus, confiantes na bondade e na misericórdia divina, acabam por conquistar a simpatia e a admiração dos outros, tornando-se, eles mesmos, exemplos dessa virtude. Ser resignado é estar em paz com Deus e estamos em paz com Ele quando nos submetemos, confiantes, aos Seus desígniosMas a resignação não é possível sem uma fé sólida e esclarecida. Quanto mais robusta a fé, maior o sentimento da resignação. Essa é uma das muitas contribuições da Doutrina Espírita. Além de esclarecer consolando e consolar esclarecendo, ela nos ensina a voltar os olhos para o futuro, acalentando-nos com as bênçãos da esperança na vida futura – a vida espiritual – nossa herança divina. É o que nos ensina o Espírito Emmanuel, no livro “Benção de paz”, (Cap. 51):
“Falta-nos reconhecer – mas reconhecer claramente – que Deus está em nós, conosco, junto de nós, ao redor de nós e que, por isso mesmo, é imperioso, de nossa parte, aceitar as lições difíceis, mas sempre abençoadas do sofrimento, nas quais, a pouco e pouco, obteremos a coragem suprema da fé invencível.”
Allan Kardec, em suas obras, nos legou preciosas orientações em torno da resignação, inclusive no sentido de rogarmos aos Bons Espíritos o auxílio necessário para a conquista dessa virtude. No Cap. V, item 13, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em suas considerações sobre os motivos para a resignação, ele afirma:
“O resultado da maneira espiritual de encarar a vida é a diminuição de importância das coisas mundanas, a moderação dos desejos humanos, fazendo o homem contentar-se com a sua posição, sem invejar a dos outros, e sentir menos os seus revezes e decepções. Ele adquire, assim, uma calma e uma resignação tão úteis à saúde do corpo como à da alma.”
No capítulo dedicado às preces, Kardec incluiu três sugestões de rogativas para solicitarmos, aos Bons Espíritos, a benção da resignação nas situações aflitivas da vida, (Cap. XXVIII, itens 30-33), esclarecendo que:
“Em todos os casos, devemos submeter-nos à vontade de Deus, suportar corajosamente as atribulações da vida, se quisermos que elas nos sejam contadas e que se apliquem sobre nós estas palavras do Cristo: Bem-aventurados os que sofrem.”
Com a revolta diante das aflições da vida, não alcançaremos a vitória espiritual sobre nós mesmos, correndo o risco de termos que repetir essas experiências, talvez em condições mais difíceis, em futuras existências. Porém, com a resignação, nossas dores serão como os primeiros avisos de que nossa alegria espiritual está a caminho.
Considerando que tudo se resume numa única palavra – aceitação – Emmanuel conclui seus comentários sobre a resignação, na mesma lição citada: “Devemos “confiar em Deus nos de céu azul, mas igualmente confiar em Sua Divina Providência nas horas da tempestade. Acolher a dor como sendo a preparação da alegria. Atravessar a provação, entesourando experiência. Observar as leis da vida e acatá-las, compreendendo que a dificuldade é instrução imprescindível.”
(Tema abordado na reunião pública do dia 24 de junho de 2013)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

As alegrias do coração


Desde os tempos mais longínquos, os homens se reúnem para a realização de celebrações. No princípio, essas comemorações estavam mais particularmente relacionadas aos fenômenos da natureza tais como as estações do ano, a época das colheitas, etc. Também se incluem as celebrações relacionadas às divindades protetoras, como por exemplo, os deuses da caça, da pesca, do sol, do trovão, das matas. Incluem-se também as festas religiosas, que todos os povos e nações, de alguma forma, realizam.
Se no princípio essas comemorações se caracterizavam pela simplicidade e até mesmo por uma certa ingenuidade, não demorou muito para que os homens aproveitassem esses momentos para extravasar seus vícios e paixões inferiores, como uma válvula de escape. Aquilo que a princípio era considerado como sagrado começou a ser invadido pelo profano.
Embora nosso mundo ainda seja de expiações e provas, Deus permite à humanidade momentos de alegria, necessários para a vida em comum e para fortalecimento da confiança e da esperança na bondade e na misericórdia divinas. Mas há que se fazer uma distinção entre as alegrias mundanas e as alegrias espirituais e o grande desafio está em se deixar as primeiras para se conquistar as segundas: as alegrias do coração.
Há uma falsa concepção, que atravessa os séculos, de que para se mostrar cristão seja necessária uma aparência severa, fechada, carrancuda. Tanto é verdade que os adeptos de certas crenças são caracterizados justamente pela maneira como se vestem ou com as características físicas que apresentam, sempre austeras.
Sobre essa questão há um oportuno esclarecimento em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, na Capítulo XVII, item 10, na mensagem cujo título é “O homem no mundo”. O autor espiritual afirma:
Não penseis, porém, que ao vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis de sociedade em que estais condenados a viver. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa sacrificar.”
De fato, o verdadeiro cristão deveria ser um perene otimista, já que é conhecedor das promessas de Jesus para a vida futura. E o espírita, particularmente, mais ainda, pois é conhecedor das leis que regem a vida material e a espiritual, as quais acarretam conseqüências morais baseadas nos ensinamentos de Jesus. Por isso a recomendação do benfeitor espiritual na mensagem acima citada:
“Estai sempre alegres e contentes, mas com a alegria de uma boa consciência e a ventura do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.”
É importante destacar que o Espiritismo nada proíbe, já que todos, sem distinção, são dotados da liberdade de escolher o que melhor lhes convém. Portanto, a questão não é proibir a participação nos momentos de alegria que a condição humana permite, mas sim o exame da própria consciência: o que se pretende fazer acarretará algum prejuízo ao próximo? Acarretará algum prejuízo a si mesmo? Essa advertência não deixou de ser citada na mensagem do benfeitor espiritual:
“Sede felizes no quadro das necessidades humanas, mas que na vossa felicidade não entre jamais um pensamento ou um ato que possa ofendera Deus, ou fazer que se vele a face dos que vos amam e dirigem.”
Para aqueles que consideram necessário participar de tantas festas, incluindo as coletivas, para “aliviar as tensões” – dizem eles – vale o conselho desse benfeitor espiritual:
“Basta referir todos os vossos atos ao Criador, que vos deu a vida. Basta, ao começar ou acabar uma tarefa, que eleveis o pensamento ao Criador, pedindo-lhe, num impulso da alma, a sua proteção para executá-la ou a sua benção para a obra acabada. Ao fazer qualquer coisa, voltai o vosso pensamento à fonte suprema; nada façais sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar os vossos atos.”
No entanto, para aqueles que já não se encantam com as alegrias mundanas, que já descobriram o quanto é necessário saber aproveitar construtivamente o tempo de vida aqui na Terra, estes vão percebendo que existem outras alegrias: as alegrias espirituais. E sobre estas, há valiosa sugestão em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em belíssima mensagem intitulada “A beneficência” (cap. XIII, item 11), do benfeitor espiritual Adolfo, bispo de Alger. Afirma ele:
“A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo, os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença.” 
É importante destacar, nessa frase, que as alegrias mundanas podem apresentar, como consequência, o remorso e a indiferença... Por esse motivo é que ele destaca a grande diferença entre as alegrias mundanas e as alegrias do coração, justamente pelos efeitos que cada uma proporciona:
“Quais as festas mundanas que se podem comparar a essas festas jubilosas, quando, representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias, que da vida só conhecem as vicissitudes e as amarguras”.
Acrescenta o generoso benfeitor que as alegrias do coração, conquistadas pela prática da caridade, proporcionam “infinitas alegrias para o próprio futuro, o antegozo das alegrias que mais tarde desfrutarão.” E aconselha com humildade:
“Possam os meus irmãos encarnados crer na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida.”
A alegria do coração consiste em promover a alegria do próximo que, por algum momento, se encontra em desvalimento, seja material ou espiritual. Nesses momentos o homem atua como um “representante da Divindade”. A bondade e a generosidade constantes em favor do próximo resultarão em alegrias espirituais sublimadas. Foi o que ele afirmou: “Colhereis neste mundo alegrias bem suaves, e mais tarde... somente Deus o sabe!”
 Há uma canção muito conhecida no meio espírita: é a “Canção da alegria cristã”, cujo autor foi Leopoldo Machado (1891-1957). Jornalista, professor, escritor, grande incentivador das confraternizações espíritas e da união entre os mesmos, vivenciou a Doutrina Espírita em toda a sua plenitude. A letra singela dessa canção deixa a todos o exemplo claro de como vivenciar esses momentos:


Canção da alegria cristã

Somos companheiros, amigos, irmãos,
Que vivem alegres, pensando no bem.
A nossa alegria é de bons cristãos,
Não ofende a Jesus, nem fere a ninguém.

A nossa alegria é bem do Evangelho.
Vibra e contagia da criança ao velho,
Mesmo entre perigos daremos as mãos,
Como bons amigos, como bons cristãos.

Sempre ombro a ombro, sempre lado a lado,
Vamos trabalhar com muita alegria,
Pelo Espiritismo mais cristianizado
Pela implantação da paz e harmonia.

A nossa alegria é bem do Evangelho.
Vibra e contagia da criança ao velho,
Mesmo entre perigos daremos as mãos,
Como bons amigos, como bons cristãos.

(Tema abordado na reunião pública do dia 11 de fevereiro de 2013)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Como consideramos Jesus

Em entrevista concedida por Chico Xavier ao professor Herculano Pires (escritor, jornalista, filósofo), no início de 1972, ele falou sobre a maneira pela qual considera Jesus. O texto foi publicado no livro "Na era do espírito" , por Herculano Pires.
É importante frisar que as palavras de Chico Xavier apresentam, de forma sucinta, os ensinamentos de Benfeitores Espirituais, registrados em várias obras por ele psicografadas.
“Do que posso pessoalmente compreender, dos ensinamentos dos Espíritos amigos, consideramos Jesus Cristo como sendo Espírito de evolução suprema, em confronto com a evolução dos chamados terrícolas que somos nós outros. Não o senhor do sistema solar, com todo o respeito que temos a personalidade sublime de Jesus, mas consideramo-lo como supremo orientador da evolução moral do planeta.
E os Espíritos como Buda, como Zoroastro, como aqueles outros grandes instrutores da Índia e da Grécia, por exemplo, que eram considerados orientadores ou chefes de grandes movimentos mitológicos, serão ministros do Cristo, pois não temos ainda outra definição para classificá-los, dentro dos nossos parcos conhecimentos a respeito da nossa História no lado espiritual da vida.
Vemos que Jesus convidou doze discípulos. Eram discípulos humanos tanto quanto nós, para que não fossemos instruídos por anjos, pois senão nada entenderíamos da Doutrina do Cristo. Teríamos de entender a doutrina com os discípulos também humanos, frágeis portadores de deficiências como as nossas, embora respeitemos, nos doze, personalidades eminentemente elevadas em confronto com a nossa posição atual na Terra. Mas, do plano espiritual, Ministros do Senhor cooperaram, cooperam e cooperarão sempre para que a nossa personalidade se consolide cada vez mais no plano físico.
Nós estamos, vamos dizer, no limiar da era do espírito, mas estamos ainda sacudidos por grandes calamidades psicológicas, como a Terra no seu início, como habitação sólida, esteve movimentada por grandes convulsões. Psicologicamente estamos sacudidos por esses movimentos que dificultam a nossa compreensão. Mas os Ministros do Senhor estão cooperando para que alcancemos a segurança, com a estabilidade precisa, para que o planeta seja realmente promovido a mundo de paz e felicidade para todos os seus habitantes.
O Criador, a nosso ver, conforme ensinam Espíritos amigos que nos visitam, é o Criador. Não podemos ainda ter outra definição de Deus mais alta do que aquela de Jesus Cristo quando o chamou de Pai Nosso. Além disso, a nossa mente vagueia como se estivéssemos em águas demasiadamente pro- fundas, sem recursos para tatear a terra sólida. Pai Nosso, Deus Criador do Universo. Então, a força que Deus representa ter-se-ia manifestado em Jesus Cristo para que Ele, como um grande engenheiro, de mente quase divina, pudesse realizar prodígios sob a inspiração de Deus na plasmagem, na estruturação do mundo maravilhoso que habitamos. Mas não consideramos Jesus como Criador, conquanto o respeito que lhe devemos.”
(Tema abordado na reunião pública do dia 10 de dezembro de 2012)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

É preciso despertar!



“E a outro disse Jesus: Segue-me. E ele lhe disse: Senhor, permite-me que vá eu primeiro enterrar meu pai. E Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai, e anuncia o Reino de Deus.” (Lucas, 9:59-60)
Essa passagem se deu logo após o Sermão da Montanha, portanto, a pessoa a quem Jesus dirige o convite possivelmente tenha ouvido as palavras de Jesus.
Quando Ele faz o convite ‘Segue-me’, não estava dizendo a essa pessoa que abandonasse os seus afazeres, os seus compromissos de trabalho e com a família para segui-Lo, fisicamente falando. Era um convite para que seguisse Seus ensinamentos, onde quer que essa pessoa desenvolvesse suas atividades. É preciso destacar que, se essa pessoa ouviu os ensinamentos de Jesus, entendeu o convite que o Mestre lhe fazia.
Respondendo a Jesus que primeiro deveria enterrar seu pai, isso não quer dizer que seu pai tivesse acabado de morrer. Se isso realmente tivesse acabado de acontecer, é claro que Jesus não o reprovaria por tratar do sepultamento do próprio pai. Na forma e no momento em que foi utilizada, essa frase é uma expressão significando que preocupações de ordem material não permitiram a essa pessoa seguir os ensinamentos de Jesus.
É grande a relação de desculpas daqueles que não estão dispostos a modificar seus hábitos para aplicar os ensinamentos de Jesus em suas vidas. Estão sempre jogando para o futuro o compromisso de vivenciar as lições trazidas por Jesus.
A frase mais difícil de ser compreendida é a resposta de Jesus: ‘Deixa que os mortos enterrem seus mortos’. ‘Morto’ é alguém que viveu, ou seja, era uma pessoa, uma individualidade que perdeu a consciência da vida ao seu redor, que parece estar ‘dormindo’. Como é possível então que alguém que já tenha morrido enterre aquele que acabou de morrer? Se tomarmos essa palavra ao pé da letra, ela fica totalmente sem sentido. Portanto, não é esse o seu significado original.
A palavra ‘morto’, nessa passagem, representa aqueles que não despertaram para as realidades da vida espiritual. Passam a vida centralizando toda a sua atenção e suas preocupações somente em torno da vida material e de si mesmos. Passam a vida toda como que adormecidos, ‘mortos’, para as belezas da vida, em seus aspectos sublimes e espirituais.
Vemos, com isso, a lógica da resposta de Jesus. Aquela pessoa havia acabado de ouvir Seus ensinamentos, no qual Ele falava do Reino de Deus, da felicidade na vida futura, que é a vida espiritual, reservada aos que seguissem Suas lições. Mas, as preocupações, os interesses e as atividades da vida material lhe absorviam totalmente, deixando-o como que morto, adormecido, para a sublime realidade espiritual.
É imenso o número de pessoas que passam a vida toda sem despertar para as realidades do espírito. Considerando que devem ser felizes ‘a qualquer preço’, investem todas as suas forças na satisfação de suas vaidades e ilusões. Tão preocupados vivem que não se lembram da morte e quando ela surge, desequilibram-se diante dessa verdade incontestável.
Jesus fez ainda outro convite a essa pessoa: ‘vai e anuncia o Reino de Deus’. Após ter ouvido as lições do Mestre, no sermão do monte, aquela pessoa já estaria apta a passar adiante os ensinamentos recebidos. Retornando às suas atividades e aos seus entes queridos, encontraria inúmeras oportunidades de passar adiante o que tinha ouvido do próprio Mestre.
Utilizando a expressão ‘deixa que os mortos cuidem de seus mortos’, Jesus lhe dizia, para que não se inquietasse com as necessidades do corpo e da vida material, que são passageiras, mas que dedicasse mais tempo às necessidades do Espírito, que é imortal; que ensinasse aos seus que nossa pátria verdadeira é o mundo espiritual (Reino dos Céus) e que a vida espiritual é a vida normal do Espírito, que seremos felizes nesse Reino se cumprirmos as leis de Deus, que Jesus veio ensinar e exemplificar.
Não é o acaso que nos coloca diante dos ensinamentos de Jesus. E a partir do momento em que eles nos alcançam, surge em nosso íntimo o Seu convite: ‘Segue-me’... Se não conseguirmos colocá-los em prática, auxiliando igualmente na sua divulgação; se passamos a relacionar desculpas evasivas para sua aplicação, é porque ainda nos encontramos ‘mortos’ para a realidade espiritual da vida...
Ensina o benfeitor espiritual Emmanuel pela psicografia de Chico Xavier, no livro “Fonte Viva”, (cap. 143):
“Sai, cada dia, de ti mesmo, e busca sentir a dor do vizinho, a necessidade do próximo, as angústias de teu irmão e ajuda quanto possas.
Não te galvanizes na esfera do próprio ‘eu’.
Desperta e vive com todos, por todos e para todos, porque ninguém respira tão-somente para si.
Em qualquer parte do Universo, somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências.
Cedamos algo de nós mesmos, em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.”.

(Tema abordado na reunião pública do dia 12 de novembro de 2012)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

As lições da figueira seca



“No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Avistou de longe uma figueira coberta de folhas, e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. E disse à figueira: “Jamais alguém como fruto de ti!”. E os discípulos ouviram esta maldição.” (Marcos, 11:12-14)

Essa passagem aconteceu no dia seguinte à entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um burrinho e saudado pelo povo com ramos de palmeiras. Ao final desse dia, Jesus regressou, junto com os discípulos, para as cercanias da cidade, num local denominado Betânia, onde residiam os irmãos Lázaro, Marta e Maria, na casa dos quais Ele costumava se hospedar.
Não se pode acreditar que Jesus amaldiçoasse qualquer ser vivo, pois isso seria uma contradição com aquele que representava o amor em sua expressão mais sublime.
Deve-se entender, portanto, que a figueira foi um símbolo utilizado para representar o povo de Israel, rebelde e orgulhoso aos ensinamentos que Jesus trazia.
Vista de longe, a cidade de Jerusalém impressionava. O templo do Rei Salomão se impunha aos judeus, como expressão máxima da fé judaica. Ali eram tratados todos os negócios judaicos, fossem nas questões civis ou religiosas, o que incluía a venda de animais para os sacrifícios e o câmbio de moedas estrangeiras, pois nesses negócios só se aceitava a moeda do próprio Templo. O Templo havia se tornado, além de um local para a prática da fé, também um local de interesses financeiros de tal porte, que os ricos ali deixavam guardados os seus tesouros, pois era o lugar mais seguro de toda a Israel.
Quando Jesus sai de manhã, a visão da cidade se assemelhava a uma árvore coberta de folhas, causando a impressão de grande agitação para a manutenção da vida religiosa. De fato, qualquer pessoa que se deslocasse a caminho de Jerusalém, veria aquele cenário imponente da Cida”de sagrada e seu templo rico e majestoso. Mas eram apenas aparências.
Mais do que ninguém, Jesus sabia que por trás daqueles muros, os negócios materiais, com toda a gama de interesses mesquinhos que despertam, dominavam o local destinado ao cultivo da fé no Deus único. Por esse motivo, ao descortinar tal paisagem, sabendo que a realidade era outra, Jesus lamentava a postura do povo judeu, principalmente dos fariseus e dos sacerdotes, os quais passavam a impressão de serem pessoas irrepreensíveis e fervorosas.
Por tal motivo, a figueira seca é uma parábola, um símbolo empregado por Jesus para afirmar que, infelizmente, os judeus apenas aparentavam a ideia de um povo fervoroso mas, na verdade, aquela fé não produzia nenhum fruto, nem espiritual, nem moral.
A expressão “Aproximou-se da árvore”, representa a presença de Jesus perante o povo judeu, tão próximo da grande cidade, observando e analisando a verdadeira condição espiritual de seus habitantes. Também podemos interpretar de outra forma: Jesus se aproximou da humanidade, nascendo  e vivendo entre nós...
Diz ainda o Evangelista Marcos que, ao sair de manhã, Jesus teve fome. Aqui temos mais um símbolo: “Sair de manhã”. É de manhã que surgem os primeiros raios de Sol e a vida recomeça... É o que de fato Jesus, como Governador Espiritual da Terra, tem feito, desde os primeiros momentos da formação do nosso planeta e dos primeiros seres vivos que aqui surgiram... Ele trabalha desde muito cedo, desde as primeiras eras da Humanidade...
Igualmente a expressão: “Jesus teve fome”. É claro que Ele não sentia fome de comida. O sentido de fome aqui é de um anseio: Jesus anseia ver a humanidade transformada, redimida e evangelizada. E não adianta apresentarmos a Ele as aparências de uma fé vaidosa e orgulhosa, uma fé sem obras, uma fé que não produz frutos... Nossa ilusão secará mas, se tivermos a fé verdadeira, operante e confiante, será possível vencer todas as dificuldades!
O evangelista Marcos continua a narração sobre a figueira:
“No dia seguinte, pela manhã, ao passarem junto da figueira, viram que ela secara até a raiz. Pedro lembrou-se do que se tinha passado na véspera e disse a Jesus: “Olha Mestre, como secou a figueira que amaldiçoaste!” Respondeu-lhes Jesus: “Tende fé em Deus...”
Setenta anos após a morte de Jesus, a cidade de Jerusalém foi arrasada pelo exército romano, sob o comando do General Tito. Não sobrou pedra sobre pedra...
Quanto à resposta de Jesus aos discípulos, ela parece sem sentido, no entanto, compreendendo o significado do símbolo da figueira seca, fica fácil entender. Se o povo judeu não vivia conforme a fé que diziam seguir, certamente se comprometiam consigo mesmos. Mas aquele que realmente tem fé e a vivencia no auxílio ao próximo, sobretudo, pode alcançar fatos extraordinários, como “mover uma montanha”.
Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIX, ensina que a figueira seca representa todo aquele que pode ser útil mas que não faz nada de bom; são aqueles que pecam por omissão. Ele inclui aqui os médiuns que não querem se comprometer com o exercício da mediunidade como forma de exercer a caridade aos que sofrem moral e espiritualmente.
(Tema abordado na reunião pública do dia 22 de outubro de 2012)