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quinta-feira, 31 de março de 2011

O atentado ao túmulo de Allan Kardec

Monumento em homenagem a Allan Kardec - Cemitério Père-Lachaise - Paris, França.
Inaugurado em 31 de março de 1860.
Em 31 de março de 1869, com 65 anos incompletos, desencarnava Allan Kardec, devido ao rompimento de um aneurisma. Nessa época ele residia na Rue Saint-Anne, 59. Aí também se realizavam as reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por ele em 1 de abril de 1858, a livraria e o escritório da "Revista Espírita", mantida e publicada mensalmente. 
Com o crescimento do interesse pelo Espiritismo, o local já estava pequeno para tantas atividades; por isso, a livraria e o escritório seriam transferidos para outro endereço, na Rue Lille. Assim, enquanto tratava da mudança, juntamente com seus auxiliares, ao atender um caixeiro, ele cai ao chão, já sem vida. O susto foi grande para os que estavam com ele naquele momento.
A inauguração da livraria havia sido marcada, com antecedência, para o dia 1 de abril. Vários amigos haviam sido convidados, vindos de outras localidades e, certamente já estavam a caminho, não havendo mais possibilidades de cancelar a inauguração em cima da hora. Quando os convidados chegaram foram surpreendidos pela triste notícia.
Sua esposa, Sra. Amelie Boudet, na época com 74 anos, mesmo assim, realizou a inauguração da Livraria, conforme havia sido anunciado e, no dia seguinte, 2 de abril, foi feito o sepultamento. Inicialmente, o corpo foi sepultado nos fundos de um cemitério localizado na periferia de Paris, um local pobre, triste e afastado.
Nas semanas que se seguiram, seus amigos mais próximos, juntamente com os integrantes da Sociedade Espírita, sugeriram que o corpo fosse transferido para o Cemitério Père-Lachaise, onde grandes vultos de várias áreas do conhecimento se encontram sepultados. Construiriam um monumento em memória a Kardec, não com o objetivo de transformá-lo num local de veneração, mas como uma forma de honrar a memória de um benfeitor. Ficou definido que o monumento seguiria os padrões dos antigos povos celtas, formado por quatro enormes pedras, pesando, aproximadamente, dezoito toneladas. Embaixo, no centro, sobre um pedestal de um metro de altura, também de granito, foi erigido um busto de Kardec, em bronze. Na imensa pedra horizontal, cujo peso é de quatro toneladas, está gravada a famosa frase: “Naitre, mourir, renaitre encore et progresser sans cesse, telle est la loi.” (Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei). O monumento foi inaugurado um ano depois, 31 de março de 1860. Aí também foi sepultada sua esposa, Sra. Amelie.
O curioso em relação a esses fatos é que esse cemitério, cujas sepulturas são verdadeiros monumentos, é um local de aspecto sombrio. O túmulo mais visitado e o único que sempre tem flores é justamente o de Kardec. Não se sabe quem as coloca... O que se supõe é que Kardec tenha muitos admiradores anônimos...
Mas, os adversários do Espiritismo, e consequentemente de Kardec, não se intimidam... Na madrugada de um domingo, 2 de julho de 1989, por volta das duas horas da madrugada, uma violenta explosão foi ouvida, vinda do cemitério... Terroristas profissionais colocaram cargas de explosivos em pontos estratégicos do monumento com o objetivo de fazer desabar a imensa pedra horizontal. O pesado busto de bronze desabou e uma das colunas verticais escorregou atingindo o caixão com os restos mortais de Kardec e sua esposa...
As autoridades parisienses, pressionadas pela Confederação Espírita Européia, restauraram os estragos em curtíssimo tempo. Apesar da repercussão mundial desse acontecimento, os terroristas nunca foram encontrados pela polícia.
Este monumento é o único patrimônio material que restou de Allan Kardec. 
A União Espírita Francesa é a responsável pela conservação do túmulo perante a administração do cemitério. No entanto, o túmulo de Kardec não é de propriedade francesa, visto que Kardec é um patrimônio internacional. Ali afixaram uma placa informando sobre a vida e obra de Kardec, reprovando qualquer manifestação de idolatria.

(Tema apresentado na reunião pública do dia 28 de março de 2011)

sexta-feira, 25 de março de 2011

O controle das emoções


Há uma passagem nos Evangelhos que se tornou conhecida como sendo "A multiplicação dos pães e dos peixes", citada nos quatro Evangelhos. Mais uma vez, Jesus era acompanhado por grande multidão; eram quase cinco mil pessoas, entre doentes, aflitas, perturbadas... Ele sabia que necessitavam de alimento espiritual e não de alimento material. Por isso, antes de iniciar a distribuição de bençãos e consolações (esse era o alimento que ali foi dividido com todos!), Ele solicitou aos seus discípulos que mandassem “assentar os homens”. Esse é o ponto a ser analisado.
Muitas pessoas, quando começam a frequentar uma casa espírita, geralmente chegam aflitas, adoecidas física e/ou espiritualmente, trazendo muitos problemas e várias dúvidas, buscando respostas que acalmem o coração e igualmente satisfaçam a razão ... Mas, para que possam receber apoio e tratamento espiritual de maneira a obter bons resultados, é preciso que, em primeiro lugar, aprendam a se acalmar e a controlar as próprias emoções.
Na verdade, a assistência espiritual nunca deixa de ser aplicada a todos os presentes, no entanto, a maneira como esse tratamento é assimilado diverge muito de pessoa para pessoa. Por esse motivo é que, ao chegar na casa espírita, sobretudo  nos dias dedica- dos ao tratamento espiritual, devemos buscar o silêncio, a oração e o recolhimento interior.
É necessário igualmente que as casas espíritas proporcionem, nesses dias, um ambiente acolhedor, oferecendo música suave e pequenas leituras, a fim de que, aqueles que chegam, muitas vezes afobados após um dia de trabalho intenso e de preocupações, consigam, aos poucos, asserenar suas emoções.
Importante saber que a equipe espiritual já está presente no local muito antes de nossa chegada e que a assistência espiritual começa a agir em nós assim que entramos na casa espírita.
Com o passar do tempo, participando regularmente das reuniões de assistência espiritual, aprendemos que temos necessidade sim, de controlar nossas emoções em qualquer momento.
O desequilíbrio constante de nossas emoções pode se transformar num hábito. Na dor, nos debulhamos em lágrimas; na revolta, nos entregamos à raiva; na euforia, descambamos nas gargalhadas estridentes; na tristeza, emudecemos; na frustração, ficamos deprimidos e nos isolamos. Em qualquer situação, os extremos não representam o caminho adequado.
O Espírito Emmanuel nos deixou, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, uma advertência sobre a necessidade de asserenar nossas emoções para que o alimento espiritual de que necessitamos possa ser aplicado pelos benfeitores espirituais a nosso favor, produzindo assim benéficos efeitos. Ela se encontra no livro "Caminho, verdade e vida".

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TENDE CALMA
“E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” — (JOÃO, cap. 6,vers. 10)

Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas. Verifica-se quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no isolamento da natureza.
Os discípulos estão preocupados.
Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à dificuldade imprevista.
André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de cevada e dois peixes.
Todos discutem.
Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se faça harmonia. E distribuí o recurso com todos, maravilhosamente.
A grandeza da lição é profunda.
Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais desorientados, porqüanto não querem ouvir o convite à calma, não se assentam para que se faça a ordem, persistindo em manter o próprio desequilíbrio.


(Tema apresentado na reunião pública do dia 21 de março de 2011)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Depois da tempestade vem a bonança

Restos de uma embarcação do século I encontrada próxima às margens do Lago de Genesaré.
É possível que seja o tipo de embarcação utilizada por pescadores nos tempos de Jesus.
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas narram uma passagem que ficou conhecida como "A tempestade acalmada". Para mantermos fidelidade à narrativa, transcrevemos o trecho do evangelho segundo Lucas, capítulo 8, versículos 22 a 25:
"Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram. Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo. Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre!  nós estamos perecendo!'. Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança. Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'. Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
Essa passagem, como todas as demais narradas nos evangelhos, embora se refira a um fenômeno de ordem material, apresenta valiosos ensinamentos quando buscamos analisar seu sentido moral e espiritual. É o que faremos a seguir.
Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram.
Jesus sempre preside nossas ações, quando voltadas para a prática do bem. No caso dessa passagem, Ele e os discípulos se dirigiam a outro vilarejo às margens do Lago para que Jesus pudesse levar Seus ensinamentos e Suas bençãos à outras pessoas. Isso nos ensina que sempre poderemos contar com a assistência espiritual superior quando nos propomos a estender o bem ao próximo e que essa oportunidade nos é concedida sempre pelo Alto. Dependerá, portanto, de nós mesmos, aproveitá-la ou não.
Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo.
Se Jesus realmente adormeceu ou não, é fato irrelevante. O que importa é o sentido oculto desse fato. Jesus adormecer significa que, após ter encaminhado os discípulos para a travessia do Lago e eles terem concordado, o Mestre os deixa por sua própria conta, já que eram eles que comandavam a embarcação. Que sentido maravilhoso! O Mestre nos concede a oportunidade e nos deixa à vontade para conduzirmos nossa existência (no caso, representada, figuradamente, pela barca no mar alto), respeitando nosso livre-arbítrio, deixando-nos à vontade para nossas escolhas e decisões. Ele não nos abandona; o controle material é nosso mas o controle espiritual é Dele. Apenas nos deixa a tarefa que nos cabe, mesmo sabendo que as 'tempestades' virão.
Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre!  nós estamos perecendo!'
Sem dúvida, só nos lembramos de recorrer à proteção divina quando estamos atravessando momentos de perigo ou de intensas aflições, no caso, representadas pela tempestade e pela forte ventania. Ainda  alimentados pela ilusão do privilégio pessoal, gritamos por Jesus, fazendo "barulho" através de preces desesperadas e descontroladas, esperando, com essas atitudes, que Ele nos ouça. Fazemos questão de destacar que estamos sofrendo intensamente, que nossa dor é a mais importante, para que Ele logo nos atenda...
Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança.
Mesmo sabendo da nossa falta de confiança, Jesus não deixa de nos atender. E somente Ele possui poder para mobilizar todos os recursos necessários, materiais e espirituais, para acalmar nosso sofrimento. Nada acontece sem a permissão divina, assim como nenhum Espírito Benfeitor poderá atuar a nosso favor se não tiver a intercessão e a concessão de Jesus. Esse fato também nos ensina de que não adianta recorrermos às intercessões humanas, já que todos temos nossa tempestade individual a vencer.
Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'.
Após a intensidade de nossas aflições se amenizar, é que nos damos conta de que nos faltou confiança. Mais calmos e equilibrados, verificamos que não ficamos sem a assistência divina; envergonhados e admirados, nos conscientizamos de que faltou fé. Não somente fé na providência divina mas também fé em nós mesmos. É o momento de saber se estamos colocando nossa fé mais nos homens do que em Jesus.
Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
No tempo em que esse fato aconteceu, Jesus ainda era um grande enigma para os discípulos. Conviviam há pouco tempo com Ele; ainda não sabiam exatamente quem Ele era, qual o seu objetivo, qual a sua evolução espiritual. Infelizmente, isso ainda acontece. Ficamos admirados quando as nuvens de dores passam e a tranquilidade retorna em nossa vida, maravilhados  com o imenso poder divino... Jesus ainda é desconhecido para a Humanidade... Mas Ele nos conhece e sabe o quanto nos falta aprender em matéria de fé e confiança...
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Durante as tempestades e ventanias que sacodem nossa vida, quando achamos que não iremos aguentar, que estamos navegando sem direção, sem saber o que fazer, lembremo-nos dessa pergunta de Jesus - 'Onde está a vossa fé?' . Guardemos a certeza de que, nas tempestades da vida, nossa existência não é "um barquinho remando sem remo e sem luz". Temos e podemos contar sempre com a proteção de Jesus!


(Tema apresentado na reunião pública do dia 14 de março de 2011)

sexta-feira, 4 de março de 2011

A espiritualidade nas festas de carnaval



Dizem os Benfeitores Espirituais que há duas épocas em que suas tarefas junto aos encarnados se intensificam: no Natal e no Carnaval. No Natal isso acontece pois as pessoas se tornam mais doces, mais receptivas aos ensinamentos evangélicos, possibilitando assim a recuperação espiritual de muitos, sobretudo dos envolvidos em dramas de ódio e revolta.
Já nas festas de Carnaval, o trabalho dos Espíritos Amigos é muito mais intenso e difícil. É o que tentaremos mostrar, recorrendo aos ensinamentos espíritas e às advertências de Jesus.
Nosso Mestre nos deixou um ensinamento em relação às ações coletivas: "Onde quer que haja dois ou mais reunidos, em Meu Nome, aí estarei entre eles." Note-se que Jesus destaca "reunidos em Seu Nome" para merecermos a Sua Assistência. É claro que não é Ele mesmo que comparece, mas permite que Seus Mensageiros, os Espíritos Bondosos que trabalham sob suas ordens, possam se aproximar de nós, garantindo a proteção espiritual necessária.
Essa orientação de Jesus se aplica não somente a pequenos grupos; ao dizer "dois ou mais" podemos compreender que a atitude de rogar a proteção divina pode ser realizada pelos componentes de todo um povo, de toda uma nação, uma aldeia, uma família...
Infelizmente, se poucos se reúnem rogando a proteção espiritual para suas tarefas, é grande o número dos que se reúnem para planejar crimes, promover a desordem, incentivar a prostituição e a libertinagem, traficar entorpecentes e bebidas alcoólicas, etc...
Também é imenso o número dos que se reúnem em festas cuja temática principal é o consumo de drogas e álcool, a prática sexual irresponsável, a exploração da sensualidade, embalados ao som de músicas estridentes, que auxiliam no entorpecimento da razão... Essas são as características das festas do Carnaval, uma espécie de loucura coletiva, à qual as pessoas se entregam com a desculpa de que é preciso "aliviar as tensões" acumuladas ao longo do ano.
O Espiritismo não estimula, de forma nenhuma, a participação no Carnaval. Considerando os pontos negativos que tais festas costumam trazer e considerando o clima de liberdade na qual a Doutrina Espírita se fundamenta, não se trata de perder tempo discutindo se é certo ou errado participar do Carnaval. Cada um tem a sua liberdade de escolha. Porém, é importante sabermos o que acontece no plano espiritual durante essas festas...
Se uma multidão de foliões sai nas ruas acompanhando as músicas e danças, igualmente uma multidão de foliões desencarnados, possivelmente em número muito maior, acompanha os encarnados, em busca das mesmas sensações: a euforia, a embriagues, o deboche, a libido... Certamente essa comunhão entre os foliões encarnados e os desencarnados deve apresentar quadros muito tristes...
Sabendo que nessa época do ano tais festividades irão acontecer, grupos de espíritos inferiores, que ainda se nutrem de tais sensações, invadem a atmosfera espiritual de nosso país... Após o término das festas, vão em busca de outras paragens, onde possam continuar a satisfazer suas necessidades animalizadas... 
O resultado de tais influências não aparece de imediato. Ao longo do ano, quantos processos obsessivos se manifestam, quantos vícios se instalam, quantos dramas e tragédias, consequências da ação desses grupos de espíritos de categoria tão inferior... Os Amigos Espirituais nos avisam de que muitas vezes são necessários séculos para recuperar as consequências de um minuto de loucura em nossa vida...
Nos tempos do império romano, os duelos nos circos entre gladiadores e, mais tarde, os cristãos devorados por leões, eram espetáculos sangrentos aos quais o povo assistia, sedento de sangue e emoções fortes... Tudo isso passou.... Esperamos, pelo bem da espiritualidade sobre a Terra, que um dia, festas como a do Carnaval e tantas outras, tão comuns na atualidade, possam, definitivamente, fazer parte de um passado distante...

(Tema apresentado na reunião pública do dia 28 de fevereiro de 2011)