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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A reencarnação perdeu por 3 a 2

Um dos pontos em que se debatem várias religiões, contra o Espiritismo, é o que diz respeito às múltiplas existências (reencarnação). Dizem que a reencarnação não aparece na Bíblia. Julgam esses entendidos que a reencarnação é incompatível com os ensinamentos de Jesus. Realmente a palavra reencarnação não aparece nos textos bíblicos mas o conceito sim. Há muitas passagens, tanto no Antigo como no Novo Testamento, que se tornam incompreensíveis, se não se considerar a alma em suas vidas sucessivas.
Outros dizem que foi o Espiritismo que inventou a reencarnação. Quanta falta de conhecimento têm esses que criticam! Não foi a Doutrina Espírita que inventou esse conceito que, aliás, é uma lei natural. Entre os povos orientais, os hindus e mesmo entre os judeus, o conceito de múltiplas existências era aceito, muito embora cada qual o interpretasse segundo sua capacidade de compreensão das leis divinas.
Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos" não deixou de interrogar os Espíritos Superiores sobre esse tema, dedicando dois capítulos (capítulos 4 e 5 da Segunda Parte) para tratar de questões relacionadas à reencarnação. Destacaremos as perguntas de número 166 e 167:
166. A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de depurar-se?
 - Submetendo-se à prova de uma nova existência.
166-a. Como realiza ela essa nova existência? Pela sua transformação como Espírito?
 - Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita de provas da vida corpórea.
166-b. A alma tem muitas existências corpóreas?
- Sim, todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram; esse é o seu desejo.
166-c. Parece resultar, desse princípio, que após ter deixado o corpo a alma toma outro. Dito de outra maneira, que ela se reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender?
- É evidente.
167. Qual é a finalidade da reencarnação?
- Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso onde estaria a justiça?
Embora Allan Kardec tenha estudado com profundidade esse tema, infelizmente encontramos, no próprio meio espírita, aqueles que lêem meia dúzia de romances e se consideram "experts"  no assunto, tentando relacionar o sofrimento das pessoas com suas causas em vidas passadas. Tais "entendidos" causam mais danos do que benefícios para o Espiritismo.
Para compreender o motivo pelo qual o conceito de reencarnação é rejeitado por essas religiões, é preciso recorrer à informações históricas dos primeiros séculos do Cristianismo. Os ensinamentos de Jesus não ficaram restritos à Judéia; espalharam-se para várias localidades da Ásia, África e Europa, tendo, em cada localidade, alguém que se destacava por suas virtudes e sabedoria, passando a ser considerado como patriarca das igrejas nascentes. Até o século V e VI, admita-se com naturalidade o conceito das vidas sucessivas. Não se deve esquecer que nos primeiros séculos do cristianismo, surgiram muitos pensadores, filósofos e teólogos que aceitavam e pregavam o conceito das vidas sucessivas; entre eles, destacaram-se Orígenes, Santo Agostinho, Francisco de Assis, São Jerônimo.
No entanto, esse conceito batia de frente com o orgulho de muitos, tanto no meio político e econômico quanto no meio social e até mesmo entre os representantes do cristianismo. Era muito humilhante para aquelas pessoas (e para muitas ainda na atualidade) aceitarem que poderiam retornar à vida física numa condição de inferioridade.
Foi com essa linha de  pensamento que o Imperador Justiniano (483-565) convocou um concílio na cidade de Constantinopla (atual Istambul, Turquia) para estabelecer, entre outras resoluções, o banimento do conceito de vidas sucessivas dos ensinamentos cristãos. Quem continuasse pregando os ensinamentos dos que defendiam a tese reencarnacionista seria considerado herege. Esse concílio aconteceu em 553 onde, por votação, o conceito de vidas sucessivas foi rejeitado pela Igreja Católica, perdendo por três votos a favor do banimento e dois contra. Diz-se que o Imperador Justiniano foi influenciado por sua esposa, a Imperatriz Theodora, a qual repudiava a ideia de renascer como escrava. 
Mas, nem tudo estava perdido. Quando São Jerônimo (347-420), um monge de grande cultura, por ordem do Papa Dâmaso (304-384), fez a tradução das antigas escrituras para o latim, ele, sendo reencarnacionista, conservou muitas passagens nas quais o conceito de vidas sucessivas permaneceu. Essa tradução recebeu o nome de Vulgata, versão oficial da Bíblia pela Igreja Católica. Como a tradução já estava concluída, a Igreja teve que "remendar" esse problema. Lançou mão então de mais um dogma: o das indulgências. Para se alcançar o perdão dos "pecados" e o reino dos céus, bastaria dizer que se arrependia do mal praticado e pagar por um lugar no Céu...
Entre os erros cometidos pela Igreja durante a Idade Média, a eliminação do conceito de múltiplas existências talvez tenha sido aquele que apresentou as mais graves consequências para o crescimento espiritual da humanidade. A reencarnação é uma lei que expressa o quanto a justiça divina é misericordiosa. Para aqueles que relutam em aceitá-la e negam sua existência, que continuem negando, porém, terão que reencarnar da mesma forma, quer acreditem ou não!
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Como esse tema é de grande profundidade e como temos muitas dificuldades para compreendê-lo nos múltiplos aspectos em que pode ser estudado, devemos recorrer àqueles que se dedicam ao estudo sério da reencarnação. Sendo assim, disponibilizamos dois vídeos apresentando os comentários da Dra. Marlene Rossi Severino, médica ginecologista e presidente da AME -Associação Médico-Espírita do Brasil sobre a reencarnação. Eles fazem parte da análise espírita do filme "Minha vida na outra vida", baseado em fatos reais.




(Tema apresentado na reunião pública do dia 16 de maio de 2011)

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