A palavra energia está na moda. Aplicada em vários
segmentos, pode apresentar diversos significados mas, aqueles que a utilizam,
nem sempre tem a preocupação de utilizá-la corretamente ou conhecer seu
verdadeiro significado.
Ela pode ser interpretada como vigor, como na frase: ‘as
crianças possuem muita energia!’. Também pode expressar autoridade: ‘o comandante dirige seus soldados com
energia’.
No campo das Ciências, particularmente na Física,
define-se Energia como sendo a “capacidade de realizar trabalho”.
Já a palavra “fluido”
é raramente utilizada e, quando a utilizam, é pronunciada como ‘fluído’, que na
verdade é o particípio passado do verbo fluir. Define-se fluido como sendo todo elemento ou substância que não tem forma
própria. São considerados como fluidos os líquidos e os gases. Há outros mais
sutis, como o fluido elétrico e o fluido magnético.
Assim como temos fluidos materiais, que fazem parte
do nosso dia-a-dia, também há fluidos de natureza espiritual.
Os fluidos materiais são manipulados pelo próprio ser
humano de inúmeras formas, conforme as necessidades para manutenção da vida
física: na elaboração dos alimentos, na composição de medicamentos, na
utilização de aparelhos eletroeletrônicos, entre outros.
Já os fluidos de natureza espiritual são manipulados
pelos Espíritos, e essa utilização não depende do seu nível de evolução; tanto
os Espíritos superiores quanto os inferiores, manipulam fluidos espirituais.
Nós não podemos ver esses fluidos, mas podemos sentir seus efeitos pela
agradável ou desagradável sensação que nos proporcionam.
Infelizmente no meio espírita, o uso da palavra
‘energia’ também se espalhou. Encontramos, com frequência, expressões como:
energias positivas e negativas, doação de energias, centros energéticos,
energias descompensadas, etc. É muito comum, por exemplo, dizer que o passe é
uma “transfusão de energias”. O correto é dizer que o passe é uma transfusão de
fluidos de natureza superior, que irão auxiliar no equilíbrio espiritual,
mental e também físico de quem o recebe.
É preciso recorrer sempre aos ensinamentos dos
Espíritos Superiores a respeito, através das obras de Allan Kardec. Ele foi
fiel aos ensinamentos dos Espíritos e aos conceitos científicos já admitidos e
empregados em sua época (e ainda hoje). Mesmo tendo esse grande cuidado, Kardec
ainda assim foi criticado. O que seria dele e da Doutrina caso tivesse optado
por não se preocupar com o aspecto científico contido nos ensinamentos que
recebia da Espiritualidade? Não deve passar desapercebido, para quem estuda com
profundidade as obras de Kardec, que ele não empregou a palavra ‘energia’ em
nenhum de seus livros, nem na Revista Espírita.Em sua quinta e última obra “A
Gênese”, ele dedicou um capítulo para tratar especialmente dos “Fluidos”
(Capítulo 14).
O Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco
Cândido Xavier, também tratou dos fluidos na obra “Evolução em dois mundos”. Já
no capítulo 1 da Primeira Parte, ele trata do ‘Fluido Cósmico’ e, no Capítulo
13, ele trata da ‘Alma e Fluidos’.
Esses temas são trabalhosos e, devido à sua
dificuldade, oferecem uma resistência muito grande para o seu estudo nas casas
espíritas. Sem dúvida, a questão é complexa e profunda, mas isso não impede que
se aprenda, com Kardec, a utilizar os conceitos espíritas de forma correta.
Muitos poderão contestar dizendo que Jesus também não
disse nada a respeito desse assunto. Disse sim, e várias vezes! Mas, adequando
seus ensinamentos à capacidade de compreensão das pessoas daqueles tempos, Ele
utilizou essa verdade sublime através de um conceito que Ele destacou com ênfase:
a fé. Dizia Ele aos que recebiam a benção da cura de seus males: ‘a tua fé te
salvou’; ou aos que se sentiam sobrecarregados pelo sofrimento: ‘se tiverdes fé
do tamanho de um grão de mostarda...’!
A fé, capacidade de confiança no poder divino,
semente que todos podem desenvolver, foi enfatizada por Jesus em muitos de seus
ensinamentos, mostrando o grande poder de atração que ela possui, em benefício
de quem a soubesse aplicar com sabedoria. Kardec, em O Evangelho segundo o
Espiritismo (Cap. 19, item 5) também citou a fé, como poderoso fluido
magnético, isto é, com grande poder de atração,
dizendo que ‘graças a ela, o homem age sobre o fluido, agente universal,
modifica-lhe as qualidades e lhe dá impulso por assim dizer irresistível.’
Recomenda-se portanto, muita cautela no emprego
desses dois conceitos: energia e fluido. Importante analisar as obras
espíritas, sobretudo as da atualidade, para verificar até que ponto os autores
estão comprometidos com os aspectos científicos da Doutrina, mantendo fidelidade
aos mesmos, assim como Kardec o fez.
(Tema apresentado na reunião pública do dia 4 de junho de 2012)