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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A reencarnação perdeu por 3 a 2

Um dos pontos em que se debatem várias religiões, contra o Espiritismo, é o que diz respeito às múltiplas existências (reencarnação). Dizem que a reencarnação não aparece na Bíblia. Julgam esses entendidos que a reencarnação é incompatível com os ensinamentos de Jesus. Realmente a palavra reencarnação não aparece nos textos bíblicos mas o conceito sim. Há muitas passagens, tanto no Antigo como no Novo Testamento, que se tornam incompreensíveis, se não se considerar a alma em suas vidas sucessivas.
Outros dizem que foi o Espiritismo que inventou a reencarnação. Quanta falta de conhecimento têm esses que criticam! Não foi a Doutrina Espírita que inventou esse conceito que, aliás, é uma lei natural. Entre os povos orientais, os hindus e mesmo entre os judeus, o conceito de múltiplas existências era aceito, muito embora cada qual o interpretasse segundo sua capacidade de compreensão das leis divinas.
Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos" não deixou de interrogar os Espíritos Superiores sobre esse tema, dedicando dois capítulos (capítulos 4 e 5 da Segunda Parte) para tratar de questões relacionadas à reencarnação. Destacaremos as perguntas de número 166 e 167:
166. A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de depurar-se?
 - Submetendo-se à prova de uma nova existência.
166-a. Como realiza ela essa nova existência? Pela sua transformação como Espírito?
 - Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita de provas da vida corpórea.
166-b. A alma tem muitas existências corpóreas?
- Sim, todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram; esse é o seu desejo.
166-c. Parece resultar, desse princípio, que após ter deixado o corpo a alma toma outro. Dito de outra maneira, que ela se reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender?
- É evidente.
167. Qual é a finalidade da reencarnação?
- Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso onde estaria a justiça?
Embora Allan Kardec tenha estudado com profundidade esse tema, infelizmente encontramos, no próprio meio espírita, aqueles que lêem meia dúzia de romances e se consideram "experts"  no assunto, tentando relacionar o sofrimento das pessoas com suas causas em vidas passadas. Tais "entendidos" causam mais danos do que benefícios para o Espiritismo.
Para compreender o motivo pelo qual o conceito de reencarnação é rejeitado por essas religiões, é preciso recorrer à informações históricas dos primeiros séculos do Cristianismo. Os ensinamentos de Jesus não ficaram restritos à Judéia; espalharam-se para várias localidades da Ásia, África e Europa, tendo, em cada localidade, alguém que se destacava por suas virtudes e sabedoria, passando a ser considerado como patriarca das igrejas nascentes. Até o século V e VI, admita-se com naturalidade o conceito das vidas sucessivas. Não se deve esquecer que nos primeiros séculos do cristianismo, surgiram muitos pensadores, filósofos e teólogos que aceitavam e pregavam o conceito das vidas sucessivas; entre eles, destacaram-se Orígenes, Santo Agostinho, Francisco de Assis, São Jerônimo.
No entanto, esse conceito batia de frente com o orgulho de muitos, tanto no meio político e econômico quanto no meio social e até mesmo entre os representantes do cristianismo. Era muito humilhante para aquelas pessoas (e para muitas ainda na atualidade) aceitarem que poderiam retornar à vida física numa condição de inferioridade.
Foi com essa linha de  pensamento que o Imperador Justiniano (483-565) convocou um concílio na cidade de Constantinopla (atual Istambul, Turquia) para estabelecer, entre outras resoluções, o banimento do conceito de vidas sucessivas dos ensinamentos cristãos. Quem continuasse pregando os ensinamentos dos que defendiam a tese reencarnacionista seria considerado herege. Esse concílio aconteceu em 553 onde, por votação, o conceito de vidas sucessivas foi rejeitado pela Igreja Católica, perdendo por três votos a favor do banimento e dois contra. Diz-se que o Imperador Justiniano foi influenciado por sua esposa, a Imperatriz Theodora, a qual repudiava a ideia de renascer como escrava. 
Mas, nem tudo estava perdido. Quando São Jerônimo (347-420), um monge de grande cultura, por ordem do Papa Dâmaso (304-384), fez a tradução das antigas escrituras para o latim, ele, sendo reencarnacionista, conservou muitas passagens nas quais o conceito de vidas sucessivas permaneceu. Essa tradução recebeu o nome de Vulgata, versão oficial da Bíblia pela Igreja Católica. Como a tradução já estava concluída, a Igreja teve que "remendar" esse problema. Lançou mão então de mais um dogma: o das indulgências. Para se alcançar o perdão dos "pecados" e o reino dos céus, bastaria dizer que se arrependia do mal praticado e pagar por um lugar no Céu...
Entre os erros cometidos pela Igreja durante a Idade Média, a eliminação do conceito de múltiplas existências talvez tenha sido aquele que apresentou as mais graves consequências para o crescimento espiritual da humanidade. A reencarnação é uma lei que expressa o quanto a justiça divina é misericordiosa. Para aqueles que relutam em aceitá-la e negam sua existência, que continuem negando, porém, terão que reencarnar da mesma forma, quer acreditem ou não!
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Como esse tema é de grande profundidade e como temos muitas dificuldades para compreendê-lo nos múltiplos aspectos em que pode ser estudado, devemos recorrer àqueles que se dedicam ao estudo sério da reencarnação. Sendo assim, disponibilizamos dois vídeos apresentando os comentários da Dra. Marlene Rossi Severino, médica ginecologista e presidente da AME -Associação Médico-Espírita do Brasil sobre a reencarnação. Eles fazem parte da análise espírita do filme "Minha vida na outra vida", baseado em fatos reais.




(Tema apresentado na reunião pública do dia 16 de maio de 2011)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Até na dor somos egoístas!

Ruínas em Cafarnaum - "A cidade de Jesus"
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas narram uma passagem na qual Jesus cura um paralítico de forma diferenciada. O fato ocorreu na cidade de Cafarnaum, localizada na Galiléia, ao norte de Israel, às margens do grande Lago de Genesaré (ou Mar da Galiléia, como é conhecido).
Cafarnaum era um vilarejo muito pobre, mas bem organizado. Passou a ser chamada de "a cidade de Jesus" pois foi nessa localidade que ele passou a viver, depois de ter saído de Nazaré, onde vivia sua família. Mas, é o evangelho de Marcos (Capítulo 2, versículos 1 a 12) que traz uma narrativa bastante pitoresca na forma pela qual esse paralítico conseguiu se aproximar de Jesus. Vamos reproduzir esse trecho, mantendo fidelidade à narrativa:
"Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum, e souberam que Ele estava em casa. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E Ele os instruía. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e por uma abertura desceram o leito em que jazia o paralítico. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: 'Filho, perdoados te são os pecados'. Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros: 'Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?'. Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito nos seus íntimos pensamentos, disse-lhes: 'Por que pensais isto nos vossos corações? Que é mais fácil - dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, - ou dizer:  Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do homem sobre a terra, (disse ao paralítico): 'Eu te ordeno, levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.' No mesmo instante, ele se levantou e tomando o leito, foi-se embora à vista de todos. A multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: nunca vimos coisa semelhante."
Disponivel em www.blog.cancaonova.com
Nos tempos de Jesus, as casas tinham um padrão muito diferente do que encontramos nos dias de hoje. Os tetos  eram feitos com travessas de madeira (ou cipó) para sustentar a laje feita de terra empastada com palha. Esse tipo de teto assegurava um ambiente fresco e agradável.
Durante o dia, Jesus peregrinava por aquela região, subindo e descendo morros, debaixo de sol, poeira, chuva... À noite, costumava ficar na casa de Simão Pedro e, eram nesses momentos de intimidade familiar, que Ele ensinava, dialogava, esclarecia. Com a sua fama se espalhando pelas aldeias, esses encontros começaram a atrair muitas pessoas, que se aglomeravam ao redor da casa de Pedro, na tentativa de ver e ouvir Jesus e, talvez, obter alguma graça especial... Alguns ali se encontravam movidos apenas pela curiosidade...
Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta.
Naquela noite, ao chegar na casa de Simão Pedro, o paralítico, carregado por quatro amigos, percebeu que não seria fácil entrar. Uma multidão impedia a passagem de qualquer pessoa e ninguém mostrou disposição para ceder seu lugar. Assim somos nós quando nos aproximamos da mensagem consoladora de Jesus e das bençãos que ela nos proporciona. Acreditamos que nossa dor é maior que a dos outros, que nosso problema tem mais urgência que os demais, não cedemos aos outros a mesma oportunidade; queremos Jesus somente para nós mesmos,  não dividimos com outros as bençãos recebidas... Até na dor, nosso comportamento é egoísta...
Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e por uma abertura desceram o leito em que jazia o paralítico.
Em muitas momentos de nossa vida, ficamos paralisados pela dor, seja ela física e/ou moral. Por mais que queiramos, não conseguimos sair, sozinhos, de tal postura. Nesses momentos precisamos recorrer àqueles que são mais fortes que nós, moral e espiritualmente. Assim como o paralítico era carregado por pessoas que possivelmente eram seus amigos, também nós, desde que queiramos, também teremos aqueles que estarão dispostos a nos auxiliar, a nos aproximar das bençãos divinas. Se não contarmos com amigos no plano físico, temos nossos amigos espirituais, especialmente nosso Espírito Protetor.
Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: 'Filho, perdoados te são os pecados'. Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros: 'Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?'
Quando o paralítico se aproximou de Jesus, certamente esperava, assim como todos os presentes, que fosse curado da paralisia. Ninguém esperava por aquelas palavras que Jesus lhe dirigiu. A palavra pecado tem uma conotação muito negativa. Ela é pouco empregada no meio espírita. No Espiritismo aprendemos que Deus é amor, o qual equilibra e harmoniza a vida. Cada vez que, por atos, palavras e pensamentos rompemos essa harmonia, necessitaremos de um processo de reajuste, o qual se dá através da dor e do sofrimento. Jesus conhecia a trajetória espiritual daquele homem e sabia que ele já havia sofrido o bastante para ressarcir seus erros, tivessem eles acontecido naquela mesma vida, ou em existências anteriores. Esse motivo, aliado à fé que o doente apresentava, é que possibilitou sua cura.
Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito nos seus íntimos pensamentos, disse-lhes: 'Por que pensais isto nos vossos corações? Que é mais fácil - dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, - ou dizer:  Levanta-te, toma o teu leito e anda?
Os escribas e fariseus não viam com bons olhos os ensinamentos de Jesus. Conhecendo as intenções maldosas que os moviam, Jesus responde à pergunta que fizeram com duas proposições, sendo que nenhuma delas é mais fácil que a outra. Somente um ser com a autoridade moral e espiritual como Jesus é que poderia fazer as duas coisas: liberar o paralítico de seu processo de reajuste e curá-lo.
Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do homem sobre a terra, (disse ao paralítico): 'Eu te ordeno, levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.' No mesmo instante, ele se levantou e tomando o leito, foi-se embora à vista de todos.
Após receber a cura, Jesus não ordenou ao paralítico que fosse descansar, ou passear, ou se distrair; disse que voltasse para os seus, que retomasse as tarefas que lhe cabiam, que abraçasse as responsabilidades que o aguardavam entre os seus familiares.
Certamente, ao longo de nossa jornada evolutiva, encontraremos muitos obstáculos e dificuldades para nosso encontro com Jesus. No entanto, poderemos contar sempre com o apoio de amigos espirituais, os quais não faltarão se realmente estivermos dispostos a vencer todas essas dificuldades. Essa passagem também nos ensina que, após conquistarmos a benção de nosso equilíbrio físico e espiritual, novas tarefas certamente estarão aguardando por nós!

(Tema abordado na reunião pública do dia 9 de maio de 2011)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Espiritismo e nós: em que etapa estamos?

Após a publicação de "O Livro dos Espíritos", em abril de 1857, Allan Kardec passou a ser alvo de críticas ferozes por parte de materialistas de diversos ramos das ciências, como também por parte da Igreja e de jornalistas que, talvez por falta de assuntos, aproveitavam essas oportunidades para publicarem e comentarem tais críticas nos jornais onde atuavam. Ele nunca se deixou abater por esses fatos e nem se dava ao trabalho de responder a todas elas, a não ser para esclarecer sobre princípios básicos, erroneamente divulgados,  mas nunca para defender a si próprio.
No entanto, muitos dos simpatizantes do Espiritismo, daquela época, lhe perguntavam se não seria últil tentar convencer tais incrédulos, já que se tratava de pessoas intelectualizadas e que poderiam passar, assim, a ser úteis a divulgação da Doutrina. Kardec dizia, sempre sereno, que a conversão desses indivíduos em nada lhe interessava, pois ele mesmo duvidava que, caso se tornassem simpatizantes, se realmente teriam coragem suficiente para divulgar os ensinamentos espíritas com a mesma ênfase com que os criticavam. Se, de um lado, havia tantas críticas, dizia ele, por outro, também eram muitas as pessoas que lhe escreviam agradecendo pelo conforto moral e espiritual que os ensinamentos espíritas lhes haviam proporcionado.
Kardec ainda dizia que "O Espiritismo anda no ar, difunde-se pela força das coisas porque torna felizes os que o professam." Por isso, para ele, o que importava era que, os que se beneficiavam das imensas consolações que o Espiritismo proporciona, fossem, eles mesmos, testemunhas vivas da vivência dos ensinamentos que passaram a professar.
Mas, nos tempos atuais, por que ainda existe tanta resistência na aceitação e, sobretudo, na vivência dos ensinamentos espíritas? E, igualmente, por que muitos que passam a frequentar casas espíritas, depois de um tempo abandonam tudo? Sobre essa questão Kardec colocava a aceitação do Espiritismo em três níveis:
1. Os que admiram os ensinamentos mas para aplicar aos outros e não a si mesmos.
2. Os que aceitam os ensinamentos mas não entendem o seu alcance moral.
3. Os que aceitam, renovam-se e passam a vivenciar e testemunhar os ensinamentos.
Kardec afirma que a maturidade moral para a compreensão e vivência do Espiritismo não depende nem da idade e nem do grau de instrução.
Os que se entusiasmam nos primeiros contatos com o Espiritismo, costumam dizer, maravilhados: "Desde que entrei no Espiritismo, minha vida mudou para melhor." No entanto, não basta "entrar"; esse é apenas o primeiro passo (o que satisfaz a razão). É preciso indagar igualmente: "E quando é que o Espiritismo entrou em mim?" (segundo passo), sendo esse o momento em que a mensagem espírita alcança nosso coração. E, numa etapa final, analisarmos: "Quando é que o Espiritismo começou a sair de mim?", ou seja, quando é que os ensinamentos espíritas me conduziram à atitudes renovadoras em minha vida?
Sobre esse tema, disponibilizamos a segunda parte de uma entrevista do médium e orador Raul Teixeira, concedida ao programa "Terceira Revelação".


Caso tenham interesse na primeira parte dessa entrevista,  clique aqui.


                       (Tema abordado na reunião pública do dia 25 de abril de 2011)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

18 de abril: Dia do Livro Espírita

Primeira edição francesa de "O Livro dos Espíritos"
(Fonte: www.febnet.org.br)
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
  (O Livro e a América - Castro Alves)

Foi num sábado de primavera, na Galeria d'Orleans, no Palais Royal, em Paris, aos 18 de abril de 1857,  que Allan Kardec publicava sua primeira obra: "O Livro dos Espíritos". Era um marco para o início de um novo momento para a evolução espiritual da humanidade. No plano espiritual, a equipe formada pelos Espíritos Superiores encarregados da nova revelação, sob as ordens de Jesus, mobilizava-se para que, a partir daquele século 19, a verdade consoladora fosse organizada, consolidada e divulgada. O primeiro passo havia sido dado. Surgia uma filosofia com bases científicas e consequências morais.
No Brasil, porém, esse livro demorou a chegar. Os que tinham acesso às obras de Allan Kardec eram, geralmente, intelectuais que conheciam o idioma francês. Além disso, naquele século, a maioria da população brasileira, descendente de escravos e índios, era analfabeta. Enquanto a Europa ainda vivia o século das luzes, o Brasil ainda estava no século das cruzes.
Os intelectuais  que se dedicavam ao estudo da Doutrina Espírita, perdiam-se em polêmicas e a Doutrina Espírita corria o sério risco de ficar restrita somente entre os mais intelectualizados. Por outro lado, a Igreja havia proibido, por lei, a prática do Espiritismo.
Adolfo Bezerra de Menezes
(1831-1900)
Mas, o estabelecimento da Doutrina Espírita era projeto para mais de um século. Em 1831 reencarnava, no Brasil, Adolfo Bezerra de Menezes, com uma tarefa missionária: conciliar e consolidar a Doutrina Espírita no território brasileiro.  Sua tarefa se confirmou ao assumir, em agosto de 1895, a presidência da Federação Espírita Brasileira (fundada em 1884).
Nessa mesma época, a Livraria Espírita, em Paris, de propriedade da viúva do Sr. Allan Kardec, entra em liquidação por absoluta falta de recursos financeiros. Não havia interessados em manter a tarefa de divulgação espírita. Foi assim que, em 15 de novembro de 1897, o Sr. Leymarie, responsável pela continuidade do trabalho de Kardec, concede, gratuitamente, à Federação Espírita Brasileira, o direito de publicar, em português, todas as obras de Kardec, com o compromisso de manter fidelidade aos originais. Bezerra de Menezes foi o responsável por essa transação. Transferia-se, assim, para o Brasil, a tarefa de continuar a propagação da Doutrina Espírita. Na França daqueles anos, a tarefa espírita havia chegado ao fim, com a desencarnação da viúva de Kardec e do Sr. Leymarie e o fechamento definitivo da Livraria.
No Brasil, a Espiritualidade Maior continua com seus projetos. Após a desencarnação de Bezerra de Menezes, eis que reencarna, em 2 de abril de 1910, no interior de Minas Gerais, um espírito evangelizado, com uma tarefa especial: popularizar a Doutrina Espírita, comprovando a existência do mundo espiritual e a comunicação entre encarnados e desencarnados. Reencarnava, em solo brasileiro, Francisco Cândido Xavier.
Chico exibe seus livros (1967) - Arquivo EM/D.A Press
Chico Xavier, em 1967 completava 40 anos de mediunidade
Ao longo de seus 92 anos de existência, 75 deles dedicados à mediunidade e ao livro espírita, Chico Xavier psicografou, segundo a Federação Espírita Brasileira, 412 obras. Mas o que impressiona não é somente a quantidade mas sim os inúmeros exemplos e testemunhos que ele nos deixou, comprovando a existência dos espíritos e da realidade espiritual. 
Não sabemos se tivemos a honra que tiveram  os judeus, de viver, no mesmo local e na mesma época em que Jesus viveu. Também não sabemos se tivemos uma existência na mesma  época e local em que Kardec viveu e organizou os ensinamentos dos Espíritos.
No entanto, a Misericórdia Divina sempre nos proporciona oportunidades para nos aproximarmos da mensagem de Jesus e da verdade. Assim é que reencarnamos no mesmo século em que Chico Xavier viveu; estamos no mesmo país e bem próximos dos locais onde ele viveu. Se não pudemos conhecê-lo pessoalmente, temos o acesso aos livros que ele nos deixou, há vários vídeos e filmes sobre sua vida.
E nós, o que estamos aguardando para abraçar, definitivamente, a causa espírita? Quantos séculos ainda aguardaremos para vivenciar a mensagem consoladora de Jesus, ampliada de maneira tão maravilhosa, pela Doutrina Espírita? O caminho já temos: o livro espírita!



(Tema apresentado na reunião pública do dia 18 de abril de 2011)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Orientações de Allan Kardec: segurança para as comunicações com os espíritos

Clique na imagem para fechar a janela
Orações milagrosas, oferendas, rituais, vestimentas especiais, talismãs, amuletos, incensos e imagens estiveram e ainda estão presentes em todas as épocas e em todos os povos na busca pela comunicação com a espiritualidade.
O Brasil não ficou isento dessas práticas que ainda formam a religiosidade de algumas crenças. Junte-se a elas, a cultura dos índios e africanos, misturados às manifestações da Igreja.
Como ainda sofremos de uma marcante "preguiça mental", essas práticas foram assimiladas com muita facilidade. Que maravilha se existisse uma "fórmula milagrosa" que nos guardasse de todos os perigos e, de quebra, resolvesse todos os nosso conflitos e problemas! Que surpreendente seria se existisse um ritual que nos colocasse em contato imediato com os espíritos, sem nenhum esforço!
O uso dessas práticas trouxe um ponto negativo para o Espiritismo, o qual é, erroneamente, confundido com elas. Não é de hoje que a Doutrina Espírita é encarada como prática perigosa, confundindo-se os seus  reais objetivos. Fala-se de um assunto sem saber nada a respeito dele. Isso acontece desde os tempos de Allan Kardec, no século 19, onde a Doutrina e ele mesmo foram ridicularizados várias vezes justamente pela falta de conhecimento de seus acusadores.
No entanto, os que começam a frequentar casas espíritas, sem nada conhecerem a respeito, descobrem um ambiente e ensinamentos totalmente diversos. Palestras, estudos, evangelho, mediunidade, caridade: essas são as temáticas principais nas casas espíritas cujas atividades estejam baseadas nas orientações de Kardec.
Justamente por ter sido alguém sempre preocupado com a verdade, Kardec pesquisou a fundo todos os tipos de manifestações espíritas, todas as formas da mediunidade, conversando com espíritos de todos as categorias e níveis. Ele nos deixou orientações seguras, baseadas nos ensinamentos dos Espíritos Superiores que o assistiam. E, justamente por terem provado a ineficácia de práticas estranhas, por enfatizar que é através do pensamento que nos colocamos em contato com espíritos de tendências semelhantes às nossas, é que Kardec é tão pouco considerado.
É muito mais fácil utilizar uma fórmula mágica do que nos reformamos intimamente, segundo os padrões do Evangelho; é muito mais fácil participar de rituais, do que educar nossos pensamentos...
Em seu livro "O que é o Espiritismo", obra complementar publicada em 1859, que contém um resumo prático dos principais conceitos espíritas, Kardec esclarece o assunto no item 49:
"A crítica malevolente compraz-se em representar as comunicações espíritas como cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia. Se aqueles que falam do Espiritismo sem o conhecer tivessem tido o trabalho de estudar o assunto de que desejam tratar teriam economizado desgastes de imaginação ou alegações que não servem senão para provar sua ignorância e sua má vontade.
Para esclarecer as pessoas estranhas à ciência, diremos que não existem, para a comunicação com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares mais propícios uns do que outros; que não são precisas, para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas; que não há necessidade de nenhuma preparação, nem de nenhuma iniciação; que o emprego de qualquer sinal ou objeto material, seja para atraí-los, seja para repelí-los, é sem efeito, e que basta o pensamento; enfim, que os médiuns recebem suas comunicações tão simples e naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal. Só o charlatanismo poderia afetar maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos.
 O apelo aos Espíritos se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento. É a única coisa a ser recomendada às pessoas sérias que querem manter relações com Espíritos sérios."
Se desejamos, sinceramente, alcançar equilíbrio em nossa vida; se estamos realmente interessados em conhecer e desenvolver a mediunidade para a prática da caridade; se buscamos a proteção dos Espíritos Benevolentes; e enfim, se almejamos uma vivência espiritual segura, no contato com os espíritos, devemos nos dedicar com afinco às diretrizes que Allan Kardec nos deixou, depois de anos dedicados, exaustivamente, para a organização dos ensinamentos espíritas. Somente através das diretrizes contidas nas obras de Kardec é que encontraremos a segurança espiritual necessária para o intercâmbio com a espiritualidade.


(Tema apresentado na reunião pública do dia 11 de abril de 2011)