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sexta-feira, 29 de julho de 2011

As diversas moradas na casa do Pai

Montanha de gás e poeira na Nebulosa Carina com três anos-luz de extensão
Foto obtida pelo Telescópio Hubble -  www.hubblesite.org

Nas vésperas das comemorações da Páscoa, em Jerusalém, Jesus e os discípulos estavam reunidos em um pequeno recinto. Num ambiente de amizade e confiança, entregavam-se a uma modesta refeição. No entanto, um clima de tristeza pairava no ar. Somente Jesus sabia o que as próximas horas reservariam a Ele.
O Mestre conversou longamente com os discípulos, os quais, naquele momento, não compreenderam, integralmente, tudo o que lhes foi dito. Jesus sabia que em breve estariam separados.
Entre as muitas palavras de encorajamento, consolo e esperança, lhes disse: “Há muitas moradas na casa de meu Pai.”, conforme encontramos no Evangelho de João, no capítulo 14.
Allan Kardec, no Capítulo 2 de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, trata exclusivamente do significado dessas palavras, referindo-se não somente aos diversos “mundos que circulam no espaço infinito” mas também aos diferentes estados da alma na erraticidade onde serão mais ou menos felizes conforme estejam mais ou menos libertas das atrações materiais.
Encontramos também, no referido capítulo, no item 4, as diversas categorias de mundos, conforme o grau de adiantamento moral de seus habitantes. Kardec assim os classifica, baseado nos ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores:
1 – Mundos primitivos: onde se verificam as primeiras encarnações da alma humana.
2 – Mundos de expiação e de provas: aqueles em que o mal ainda predomina.
3 – Mundos regeneradores: onde as almas que ainda têm o que expiar adquirem novas forças, repousando das fadigas da luta.
4 – Mundos felizes: onde o bem supera o mal.
5 – Mundos celestes ou divinos: morada dos Espíritos purificados, onde o bem reina sem mistura.
Nosso planeta Terra pertence à categoria 2 – Mundo de expiações e provas. É por esse motivo que nela o mal ainda predomina e o homem está exposto a tantas misérias.
Pelos conflitos constantes entre gerações, pelos flagelos que tem se abatido sobre as populações e por todas as dificuldades para a sobrevivência, os Espíritos Amigos nos afirmam que estamos passando por um período de transição de um mundo de expiações e provas para um mundo de regeneração.
Nebulosa Borboleta -  Telescópio Hubble - www.hubblesite.org
Informam também que Deus concedeu a vários Espíritos, vindos de planetas menos evoluídos que a Terra, mas com algum progresso, a permissão de reencarnar em nosso planeta, com o objetivo de alcançarem, mais rapidamente, um progresso intelectual, moral e espiritual. No entanto, muitos desses Espíritos estão reincidindo nos mesmos erros e, portanto, não poderão, futuramente, continuar reencarnando na Terra quando esta passar para um mundo de regeneração.
Nos mundos de regeneração o mal ainda existe pois seus habitantes não são ainda perfeitos. No entanto, como o bem será o caminho mais freqüentado, o mal aos poucos deixará de se manifestar.
Quando na oração do Pai Nosso dizemos “venha a nós o Vosso Reino”, devemos nos lembrar que, para que o Reino dos Céus chegue até nós é preciso primeiramente que nós nos elevemos até ele.
Para quem duvida da existência de vida plena e abundante em outros planetas, que somente aqui no planeta Terra é que se encontra toda a Humanidade, recomendamos o vídeo abaixo.



(Tema apresentado na reunião pública do dia 25 de julho de 2011)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Zaqueu, o merecedor de receber um hóspede sublime

Um homem rico, chefe dos cobradores de impostos, odiado pelos judeus, torna-se merecedor de receber, em sua casa, um hóspede muito especial. Esse homem chamava-se Zaqueu. Talvez por isso é que esse nome, em hebraico - Zacai - signifique "merecedor". Os que o viam com maus olhos não faziam ideia de que ele era um homem bom; não lhe concediam uma oportunidade de revelar quão bondoso era seu coração.
Somente o Evangelho segundo Lucas é que narra seu encontro com Jesus (capítulo 19, versículos 1 a 10). Recordemos:
"Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando Ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.' Vendo isto, todos murmuravam e diziam: 'Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...'. Zaqueu, entretanto, de pé, diante do Senhor disse-lhe: 'Senhor, doravante dou a metade dos meus bens aos pobres, e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quadruplo.' Disse-lhe Jesus: 'Hoje entrou a salvação nesta casa; porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'"
Analisando cada trecho, encontramos valiosas lições.
* Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
Jericó - um oásis no deserto da Judéia
Esse acontecimento ocorreu dias antes da entrada de Jesus em Jerusalém, antecedendo os momentos finais de Sua missão. Ele esteve somente uma vez na cidade de Jericó (a cidade das palmeiras), situada 27 km a leste de Jerusalém, às margens do Rio Jordão. Jericó foi uma importante cidade para os hebreus, desde os tempos de Moisés. Era rota de passagem de mercadorias vindas do Oriente, a caminho para Jerusalém e o Mar Mediterrâneo.
* Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
Os judeus sentiam muita revolta pelo pagamento de impostos aos romanos, pois os valores arrecadados eram utilizados para manter o Império e seu exército nos locais dominados. Os judeus não se relacionavam com os publicanos, os quais consideravam impuros. Por esse motivo, Zaqueu sofria muito, embora materialmente nada lhe faltasse. Ele já possuía algum conhecimento dos feitos de Jesus e, sendo assim, guardava, no fundo do coração, o desejo de se encontrar com aquele que talvez o compreendesse. 
* Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 
Quando viu que uma multidão entrava pela cidade, ficou sabendo que se tratava de Jesus. Zaqueu vivia atento ao ambiente que o rodeava, na expectativa de uma ocasião oportuna. Essa oportunidade foi ofertada por Jesus. É isso que ocorre em nossa vida. É Deus que nos concede as oportunidades de nos aproximarmos de Seus ensinamentos, mas é necessário, de nossa parte, saber aproveitar esses momentos. Não foi à toa que, estando já em casa de Zaqueu, Jesus contou a Parábola dos talentos (ou das minas), narrada por Lucas nos versículos 11 a 28 do mesmo Capítulo 19. Os talentos são as oportunidade que Deus nos concede e que cabe a nós saber aproveitar.
* Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando Ele passasse por ali.
Sicómoro
Sicômoro - também conhecida como figueira-brava
Zaqueu era pequeno de estatura e, no improviso, não pensou duas vezes: subiu numa árvore, típica da região, chamada sicômoro. Nesse momento, descobrimos algo da personalidade de Zaqueu: era um homem prático, de decisões rápidas, utilizando, de maneira inteligente, aquilo que estivesse ao seu alcance. 
Encontramos aqui outro detalhe importante: Zaqueu "subiu" na árvore para ver Jesus passar. Geralmente, não estamos dispostos a "subir" para Jesus; queremos que Ele "desça" até nós! Ao invés de nos elevarmos espiritual e moralmente para nos aproximarmos mais dEle, esperamos, comodamente, que Ele se aproxime de nossa pequenez espiritual.
Há igualmente outro detalhe que não pode deixar de ser notado. É a questão da árvore. Naquele momento ela serviu de apoio para Zaqueu. Esse fato representa o seguinte: somente com o apoio de nossas intenções mais elevadas, acompanhadas de atitudes decisivas, é que poderemos nos destacar espiritualmente, chamando a atenção da Espiritualidade Maior para nossa situação particular. O sicômoro representa o conjunto de boas ações que nos servirão de apoio para merecermos a atenção dos Benfeitores Espirituais.
* Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.'
Essa passagem do Evangelho nos leva a uma reflexão mais profunda no sentido de perguntarmos a nós mesmos: o que temos para oferecer a Jesus caso Ele nos dissesse: "É preciso que eu fique hoje em tua casa." ? Antes de receber Jesus em sua residência, Zaqueu, naquele momento, recebeu o Mestre em sua "casa" interior, em seu coração. Materialmente, ofereceu um jantar ao Mestre e àqueles que O acompanhavam. Mas, espiritualmente, fez muito mais. Ofereceu sua pronta e completa renovação espiritual, não por palavras, mas por ações práticas, imediatas, beneficiando, a um só tempo, a todos aqueles que o serviam e a quem tivesse prejudicado.
* Vendo isto, todos murmuravam e diziam: 'Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...'.
Notamos aqui a indignação dos que acompanhavam Jesus, incluindo os próprios discípulos. Essa atitude é muito típica do ser humano. Quando as bençãos divinas se dirigem a alguém que nos seja inferior, seja material ou espiritualmente, seja intelectual ou socialmente, aceitamos o fato "numa boa"; até nos sensibilizamos, considerando como é grande a misericórdia divina. Mas, se essas bençãos são estendidas àqueles que, de alguma forma, são superiores a nós, aí descambamos para o despeito e a inveja... Zaqueu simboliza todos aqueles que, embora não tenham necessidades de ordem material, sofrem moral e/ou espiritualmente, talvez dores mais atrozes do que a penúria material. Mas, nós julgamos sem piedade esses casos; foi o que fizeram aqueles que acompanhavam Jesus naquele momento...
* Zaqueu, entretanto, de pé, diante do Senhor disse-lhe: 'Senhor, doravante dou a metade dos meus bens aos pobres, ...
Zaqueu nada pediu a Jesus, nem para si, nem para seus familiares ou amigos; ao contrário, ofereceu de si, o máximo ao seu alcance. Vejamos que ele estava "de pé". Essa postura demonstra sua prontidão, material e espiritual, para realizar o que prometera ao Mestre; interiormente, não tinha dúvidas, tamanha a alegria que sentia naquele momento de renovação em sua vida e por ter certeza de que Jesus sabia que suas intenções eram sinceras. Sentia-se compreendido e isso o deixava imensamente feliz!
O interessante é que Zaqueu não falou em repartir dinheiro mas sim "metade dos meus bens". Curioso não é mesmo? Esses "bens" que ele possuía englobavam não somente a parte material, propriamente dita, mas toda a sua influência e experiência acumulada ao longo de sua vida como homem público. Somente o dinheiro não basta para quem deseja efetivamente auxiliar quem necessita... Zaqueu era muito inteligente!
* ... e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quadruplo.' 
Mais uma vez, Zaqueu demonstra humildade, colocando em prática um dos ensinamentos de Jesus: reconciliar-se com os adversários, enquanto se está a caminho com eles. Além disso,   é ele que toma a iniciativa de ir em busca daqueles a quem havia lesado financeiramente, sanando o prejuízo com uma quantia quatro vezes maior do que era devido! 
* 'Hoje entrou a salvação nesta casa; porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'"
Complementando a alegria de Zaqueu, Jesus estende suas bençãos a todos daquela casa. Esse fato nos ensina que, num grupo familiar, basta que um sirva de exemplo, para que todos sejam beneficiados pela vivência do Evangelho. Jesus finaliza dizendo que todos necessitamos da providência divina, sem distinção alguma.
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Zaqueu mereceu. E nós? Ao longo de nossa vida, o que temos feito para nossa elevação espiritual? O que temos produzido para alcançarmos a atenção da Espiritualidade Superior, a qual representa Jesus junto a nós? Será que já estamos prontos para nos tornarmos merecedores de Sua sublime visita à nossa "casa" interior? Pensemos nisso...


(Tema apresentado na reunião pública do dia 11 de julho de 2011)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

8 de julho de 2011: setenta anos do livro "Paulo e Estevão"

Há setenta anos, em 8 de julho de 1941, Chico Xavier, na época com 31 anos, começava a psicografar uma de suas mais extraordinárias obras: “Paulo e Estevão”, da sábia autoria do Espírito Emmanuel, um verdadeiro best seller da literatura espírita. Pelas situações incomuns em que se deu a psicografia desse livro e pelo seu valioso conteúdo, ele se tornou um dos favoritos de Chico Xavier.
A psicografia levou oito meses para ser concluída.
Após o expediente na Fazenda Modelo, onde trabalhava, ele ficava no porão da casa do patrão, o Sr. Rômulo Joviano, todas as noites, das 17:15 hs até 1 hora da manhã. Nesses momentos, desfilavam-se, diante de seus olhos, cenas de dois mil anos atrás, sequências das vidas dos apóstolos de Jesus, imagens da Roma antiga.
A esposa do Sr. Rômulo mandava uma empregada lhe servir um lanche e escalava um funcionário para deixá-lo em casa de charrete, com uma condição: ele deveria estar de volta, pontualmente às 7:30 horas, para o trabalho no escritório da Fazenda, onde exercia a função de escriturário.
Essa obra foi trabalhosa. Chico preenchia as páginas em branco com textos assinados por seu protetor espiritual Emmanuel, passava a limpo os originais, datilografava tudo na máquina emprestada pelo patrão e apagava o que tinha escrito a lápis para reaproveitar o papel. O salário continuava curto.
Enquanto psicografava, Chico teve um companheiro constante: um sapo enorme. No início ficou desconfiado mas acabou se acostumando com o espectador. Todas as tardes, o sapo o esperava na entrada do porão, acompanhava-o até a mesa e ficava quieto num canto. Quando Chico ia embora, ele saía junto e sumia no mato. No dia seguinte, lá estava ele de volta.
Naqueles meses, Chico tinha constantes crises de choro. Não eram apenas as imagens dos sofrimentos dos apóstolos e as cenas assustadoras dos martírios que o impressionavam. Espíritos inferiores o visitavam com frequência, tentando amedrontá-lo e fazê-lo desistir da obra.
Quando a tarefa ficou concluída, viu um Espírito desmontar uma espécie de painel que transformava aquele porão numa cabine isolada do resto do mundo. Sentindo saudades dos personagens daquela História, das viagens no tempo e gratidão a seu protetor Emmanuel, precisava agradecer. Correu os olhos pelo porão e deparou com o sapo. Tudo resolvido. Encarou o animal e garantiu:
- “Irmão sapo, a graça divina há também de brilhar para você.”
Daquele dia em diante, o sapo sumiu.
A antiga casa da Fazenda Modelo em Pedro Leopoldo, MG, restaurada em comemoração do centenário de nascimento de Chico Xavier, em 2010. Na parte de baixo, vê-se o porão onde ele psicografava.
(Foto: www.panoramio.com)
Mas, quem foi Paulo? E quem foi Estevão? Eis o que descreve a Federação Espírita Brasileira, em sua resenha sobre esse livro:
"Quem era Paulo de Tarso? Um fariseu fanático, obstinado perseguidor de cristãos e da nascente doutrina cristã? Ou um ser predestinado por determinação divina, que recebeu a dádiva da aparição de Jesus, em gloriosa visão às portas da cidade de Damasco, convertendo-se ao Cristianismo? A leitura deste livro nos mostrará a grandeza de Paulo de Tarso. Corajoso, intrépido e sincero que, arrependido de uma postura radical que culminou no apedrejamento de Estêvão – o primeiro mártir do Cristianismo –, humildemente empreendeu acelerada revisão de conceitos e atendeu ao chamado de Jesus. Entre perseguições, enfermidades, zombarias, desilusões, deserções de companheiros, pedradas, açoites e encarceramentos, transformou sua vida num exemplo de trabalho através de dezenas de anos de luta, empenhado em abrir igrejas cristãs e dar-lhes assistência. Em algum ponto da vida todos recebemos um chamado do Cristo. Que temos feito? PAULO E ESTÊVÃO fará você compreender como o amor apaga a multidão de faltas cometidas."


(Extraído do livro " As vidas de Chico Xavier"  -  autoria de Marcel Souto Maior)