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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Zaqueu, o merecedor de receber um hóspede sublime

Um homem rico, chefe dos cobradores de impostos, odiado pelos judeus, torna-se merecedor de receber, em sua casa, um hóspede muito especial. Esse homem chamava-se Zaqueu. Talvez por isso é que esse nome, em hebraico - Zacai - signifique "merecedor". Os que o viam com maus olhos não faziam ideia de que ele era um homem bom; não lhe concediam uma oportunidade de revelar quão bondoso era seu coração.
Somente o Evangelho segundo Lucas é que narra seu encontro com Jesus (capítulo 19, versículos 1 a 10). Recordemos:
"Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando Ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.' Vendo isto, todos murmuravam e diziam: 'Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...'. Zaqueu, entretanto, de pé, diante do Senhor disse-lhe: 'Senhor, doravante dou a metade dos meus bens aos pobres, e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quadruplo.' Disse-lhe Jesus: 'Hoje entrou a salvação nesta casa; porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'"
Analisando cada trecho, encontramos valiosas lições.
* Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
Jericó - um oásis no deserto da Judéia
Esse acontecimento ocorreu dias antes da entrada de Jesus em Jerusalém, antecedendo os momentos finais de Sua missão. Ele esteve somente uma vez na cidade de Jericó (a cidade das palmeiras), situada 27 km a leste de Jerusalém, às margens do Rio Jordão. Jericó foi uma importante cidade para os hebreus, desde os tempos de Moisés. Era rota de passagem de mercadorias vindas do Oriente, a caminho para Jerusalém e o Mar Mediterrâneo.
* Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
Os judeus sentiam muita revolta pelo pagamento de impostos aos romanos, pois os valores arrecadados eram utilizados para manter o Império e seu exército nos locais dominados. Os judeus não se relacionavam com os publicanos, os quais consideravam impuros. Por esse motivo, Zaqueu sofria muito, embora materialmente nada lhe faltasse. Ele já possuía algum conhecimento dos feitos de Jesus e, sendo assim, guardava, no fundo do coração, o desejo de se encontrar com aquele que talvez o compreendesse. 
* Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 
Quando viu que uma multidão entrava pela cidade, ficou sabendo que se tratava de Jesus. Zaqueu vivia atento ao ambiente que o rodeava, na expectativa de uma ocasião oportuna. Essa oportunidade foi ofertada por Jesus. É isso que ocorre em nossa vida. É Deus que nos concede as oportunidades de nos aproximarmos de Seus ensinamentos, mas é necessário, de nossa parte, saber aproveitar esses momentos. Não foi à toa que, estando já em casa de Zaqueu, Jesus contou a Parábola dos talentos (ou das minas), narrada por Lucas nos versículos 11 a 28 do mesmo Capítulo 19. Os talentos são as oportunidade que Deus nos concede e que cabe a nós saber aproveitar.
* Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando Ele passasse por ali.
Sicómoro
Sicômoro - também conhecida como figueira-brava
Zaqueu era pequeno de estatura e, no improviso, não pensou duas vezes: subiu numa árvore, típica da região, chamada sicômoro. Nesse momento, descobrimos algo da personalidade de Zaqueu: era um homem prático, de decisões rápidas, utilizando, de maneira inteligente, aquilo que estivesse ao seu alcance. 
Encontramos aqui outro detalhe importante: Zaqueu "subiu" na árvore para ver Jesus passar. Geralmente, não estamos dispostos a "subir" para Jesus; queremos que Ele "desça" até nós! Ao invés de nos elevarmos espiritual e moralmente para nos aproximarmos mais dEle, esperamos, comodamente, que Ele se aproxime de nossa pequenez espiritual.
Há igualmente outro detalhe que não pode deixar de ser notado. É a questão da árvore. Naquele momento ela serviu de apoio para Zaqueu. Esse fato representa o seguinte: somente com o apoio de nossas intenções mais elevadas, acompanhadas de atitudes decisivas, é que poderemos nos destacar espiritualmente, chamando a atenção da Espiritualidade Maior para nossa situação particular. O sicômoro representa o conjunto de boas ações que nos servirão de apoio para merecermos a atenção dos Benfeitores Espirituais.
* Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.'
Essa passagem do Evangelho nos leva a uma reflexão mais profunda no sentido de perguntarmos a nós mesmos: o que temos para oferecer a Jesus caso Ele nos dissesse: "É preciso que eu fique hoje em tua casa." ? Antes de receber Jesus em sua residência, Zaqueu, naquele momento, recebeu o Mestre em sua "casa" interior, em seu coração. Materialmente, ofereceu um jantar ao Mestre e àqueles que O acompanhavam. Mas, espiritualmente, fez muito mais. Ofereceu sua pronta e completa renovação espiritual, não por palavras, mas por ações práticas, imediatas, beneficiando, a um só tempo, a todos aqueles que o serviam e a quem tivesse prejudicado.
* Vendo isto, todos murmuravam e diziam: 'Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...'.
Notamos aqui a indignação dos que acompanhavam Jesus, incluindo os próprios discípulos. Essa atitude é muito típica do ser humano. Quando as bençãos divinas se dirigem a alguém que nos seja inferior, seja material ou espiritualmente, seja intelectual ou socialmente, aceitamos o fato "numa boa"; até nos sensibilizamos, considerando como é grande a misericórdia divina. Mas, se essas bençãos são estendidas àqueles que, de alguma forma, são superiores a nós, aí descambamos para o despeito e a inveja... Zaqueu simboliza todos aqueles que, embora não tenham necessidades de ordem material, sofrem moral e/ou espiritualmente, talvez dores mais atrozes do que a penúria material. Mas, nós julgamos sem piedade esses casos; foi o que fizeram aqueles que acompanhavam Jesus naquele momento...
* Zaqueu, entretanto, de pé, diante do Senhor disse-lhe: 'Senhor, doravante dou a metade dos meus bens aos pobres, ...
Zaqueu nada pediu a Jesus, nem para si, nem para seus familiares ou amigos; ao contrário, ofereceu de si, o máximo ao seu alcance. Vejamos que ele estava "de pé". Essa postura demonstra sua prontidão, material e espiritual, para realizar o que prometera ao Mestre; interiormente, não tinha dúvidas, tamanha a alegria que sentia naquele momento de renovação em sua vida e por ter certeza de que Jesus sabia que suas intenções eram sinceras. Sentia-se compreendido e isso o deixava imensamente feliz!
O interessante é que Zaqueu não falou em repartir dinheiro mas sim "metade dos meus bens". Curioso não é mesmo? Esses "bens" que ele possuía englobavam não somente a parte material, propriamente dita, mas toda a sua influência e experiência acumulada ao longo de sua vida como homem público. Somente o dinheiro não basta para quem deseja efetivamente auxiliar quem necessita... Zaqueu era muito inteligente!
* ... e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quadruplo.' 
Mais uma vez, Zaqueu demonstra humildade, colocando em prática um dos ensinamentos de Jesus: reconciliar-se com os adversários, enquanto se está a caminho com eles. Além disso,   é ele que toma a iniciativa de ir em busca daqueles a quem havia lesado financeiramente, sanando o prejuízo com uma quantia quatro vezes maior do que era devido! 
* 'Hoje entrou a salvação nesta casa; porquanto também este é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'"
Complementando a alegria de Zaqueu, Jesus estende suas bençãos a todos daquela casa. Esse fato nos ensina que, num grupo familiar, basta que um sirva de exemplo, para que todos sejam beneficiados pela vivência do Evangelho. Jesus finaliza dizendo que todos necessitamos da providência divina, sem distinção alguma.
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Zaqueu mereceu. E nós? Ao longo de nossa vida, o que temos feito para nossa elevação espiritual? O que temos produzido para alcançarmos a atenção da Espiritualidade Superior, a qual representa Jesus junto a nós? Será que já estamos prontos para nos tornarmos merecedores de Sua sublime visita à nossa "casa" interior? Pensemos nisso...


(Tema apresentado na reunião pública do dia 11 de julho de 2011)

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