Nossos visitantes

Agradecemos a todos os que nos dão a alegria de sua visita, ajudando-nos na divulgação da esclarecedora e consoladora mensagem espírita. Rogamos a Deus que a todos ilumine e proteja, com nossos votos de paz e saúde, amor e harmonia, onde quer que estejam...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

As lições da figueira seca



“No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Avistou de longe uma figueira coberta de folhas, e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-se da árvore, mas, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. E disse à figueira: “Jamais alguém como fruto de ti!”. E os discípulos ouviram esta maldição.” (Marcos, 11:12-14)

Essa passagem aconteceu no dia seguinte à entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um burrinho e saudado pelo povo com ramos de palmeiras. Ao final desse dia, Jesus regressou, junto com os discípulos, para as cercanias da cidade, num local denominado Betânia, onde residiam os irmãos Lázaro, Marta e Maria, na casa dos quais Ele costumava se hospedar.
Não se pode acreditar que Jesus amaldiçoasse qualquer ser vivo, pois isso seria uma contradição com aquele que representava o amor em sua expressão mais sublime.
Deve-se entender, portanto, que a figueira foi um símbolo utilizado para representar o povo de Israel, rebelde e orgulhoso aos ensinamentos que Jesus trazia.
Vista de longe, a cidade de Jerusalém impressionava. O templo do Rei Salomão se impunha aos judeus, como expressão máxima da fé judaica. Ali eram tratados todos os negócios judaicos, fossem nas questões civis ou religiosas, o que incluía a venda de animais para os sacrifícios e o câmbio de moedas estrangeiras, pois nesses negócios só se aceitava a moeda do próprio Templo. O Templo havia se tornado, além de um local para a prática da fé, também um local de interesses financeiros de tal porte, que os ricos ali deixavam guardados os seus tesouros, pois era o lugar mais seguro de toda a Israel.
Quando Jesus sai de manhã, a visão da cidade se assemelhava a uma árvore coberta de folhas, causando a impressão de grande agitação para a manutenção da vida religiosa. De fato, qualquer pessoa que se deslocasse a caminho de Jerusalém, veria aquele cenário imponente da Cida”de sagrada e seu templo rico e majestoso. Mas eram apenas aparências.
Mais do que ninguém, Jesus sabia que por trás daqueles muros, os negócios materiais, com toda a gama de interesses mesquinhos que despertam, dominavam o local destinado ao cultivo da fé no Deus único. Por esse motivo, ao descortinar tal paisagem, sabendo que a realidade era outra, Jesus lamentava a postura do povo judeu, principalmente dos fariseus e dos sacerdotes, os quais passavam a impressão de serem pessoas irrepreensíveis e fervorosas.
Por tal motivo, a figueira seca é uma parábola, um símbolo empregado por Jesus para afirmar que, infelizmente, os judeus apenas aparentavam a ideia de um povo fervoroso mas, na verdade, aquela fé não produzia nenhum fruto, nem espiritual, nem moral.
A expressão “Aproximou-se da árvore”, representa a presença de Jesus perante o povo judeu, tão próximo da grande cidade, observando e analisando a verdadeira condição espiritual de seus habitantes. Também podemos interpretar de outra forma: Jesus se aproximou da humanidade, nascendo  e vivendo entre nós...
Diz ainda o Evangelista Marcos que, ao sair de manhã, Jesus teve fome. Aqui temos mais um símbolo: “Sair de manhã”. É de manhã que surgem os primeiros raios de Sol e a vida recomeça... É o que de fato Jesus, como Governador Espiritual da Terra, tem feito, desde os primeiros momentos da formação do nosso planeta e dos primeiros seres vivos que aqui surgiram... Ele trabalha desde muito cedo, desde as primeiras eras da Humanidade...
Igualmente a expressão: “Jesus teve fome”. É claro que Ele não sentia fome de comida. O sentido de fome aqui é de um anseio: Jesus anseia ver a humanidade transformada, redimida e evangelizada. E não adianta apresentarmos a Ele as aparências de uma fé vaidosa e orgulhosa, uma fé sem obras, uma fé que não produz frutos... Nossa ilusão secará mas, se tivermos a fé verdadeira, operante e confiante, será possível vencer todas as dificuldades!
O evangelista Marcos continua a narração sobre a figueira:
“No dia seguinte, pela manhã, ao passarem junto da figueira, viram que ela secara até a raiz. Pedro lembrou-se do que se tinha passado na véspera e disse a Jesus: “Olha Mestre, como secou a figueira que amaldiçoaste!” Respondeu-lhes Jesus: “Tende fé em Deus...”
Setenta anos após a morte de Jesus, a cidade de Jerusalém foi arrasada pelo exército romano, sob o comando do General Tito. Não sobrou pedra sobre pedra...
Quanto à resposta de Jesus aos discípulos, ela parece sem sentido, no entanto, compreendendo o significado do símbolo da figueira seca, fica fácil entender. Se o povo judeu não vivia conforme a fé que diziam seguir, certamente se comprometiam consigo mesmos. Mas aquele que realmente tem fé e a vivencia no auxílio ao próximo, sobretudo, pode alcançar fatos extraordinários, como “mover uma montanha”.
Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. XIX, ensina que a figueira seca representa todo aquele que pode ser útil mas que não faz nada de bom; são aqueles que pecam por omissão. Ele inclui aqui os médiuns que não querem se comprometer com o exercício da mediunidade como forma de exercer a caridade aos que sofrem moral e espiritualmente.
(Tema abordado na reunião pública do dia 22 de outubro de 2012)

domingo, 14 de outubro de 2012

Considerações sobre a dor

O Evangelho segundo o Espiritismo - Capítulo VI: O Cristo Consolador. 
A compreensão do sofrimento está associada à evolução espiritual da própria humanidade assim como da concepção que a mesma tem sobre Deus.
Na época de Moisés e mesmo naquelas que o precederam, o sofrimento era considerado como um castigo dos deuses, para os pagãos e, para os hebreus, que concebiam e cultivavam a crença no Deus único, o sofrimento também era considerado como uma punição, mesmo porque, para eles, Deus, embora protetor e criador, era um juiz implacável. O sofrimento era a maneira pela qual Ele se expressava para dizer às suas criaturas que elas estavam vivendo em desobediência às suas leis e a dor viria como um meio de castigo, até que retornassem à obediência. Deus era mais temido do que amado. Durante esse período, a humanidade ainda se encontrava numa fase de infância espiritual em relação às profundas questões de natureza espiritual, incluindo a concepção sobre o próprio Criador.
Séculos e séculos depois, mais amadurecida espiritualmente, vem Jesus nos trazer os ensinamentos divinos com uma nova visão. Mostrou à humanidade de então, que Deus era justo mas igualmente e infinitamente misericordioso e o tratava por “Pai”. Jesus também ensinou que o sofrimento, quando aceito e suportado com resignação, coragem e submissão a Deus, seria a garantia da felicidade futura. Ensinou e exemplificou a necessidade de suportarmos, com paciência, as decepções e as vicissitudes da vida, pois esse é o caminho que nos concederá o direito da vida eterna.
Por esse motivo, o Sermão do Monte é um convite ao encorajamento diante da dor. Jesus expõe as consolações reservadas aos que sofrem, mas suas promessas se dirigem ao tempo futuro. Se considerarmos que viveremos “para sempre”, que nunca deixaremos de existir, que a vida é eterna, compreenderemos melhor as promessas de Jesus, garantindo novas existências com menos sofrimento, se confiarmos nEle e em Seus ensinamentos. Jesus mostrou que o sofrimento faz parte da vida como um meio de atingirmos a felicidade e a glória espiritual. Jesus falou ao nosso coração.
No entanto, nem nos tempos de Moisés e nem nos tempos de Jesus ficou claro o por que do sofrimento, isto é, por que sofremos, por que a dor é necessária, por que ela faz parte da vida? Era preciso que a humanidade amadurecesse mais ainda e, somente 1800 anos depois da vinda de Jesus é que ela estava preparada para receber novas lições. Com o advento da Doutrina Espírita, marcada pelo lançamento de “O Livro dos Espíritos”, em 1857 por Allan Kardec, chegava à humanidade o Consolador prometido por Jesus, falando diretamente à nossa razão, respondendo aos “por quês” da vida, sobretudo quando sofremos.
O Espiritismo nos esclarece que o sofrimento representa a forma pela qual nos reequilibramos perante a harmonia divina, baseada totalmente na lei do amor. Toda vez que cometemos uma infração à essa lei, encontraremos, como conseqüência inevitável, a necessidade de nos equilibrarmos e isso se dá através da dor, único instrumento, por enquanto, capaz de nos reajustar às leis divinas, que insistimos em subestimar.
O Espiritismo nos ensina que existe uma causa justa e um objetivo útil para todas as dores. Ou seja, a causa é justa porque Deus é justo, e o objetivo é útil pois auxilia nosso progresso espiritual. Segundo o Benfeitor Emmanuel, “a dor é aviso santificante”, informando-nos de que algo está errado conosco, seja essa dor de natureza física ou moral.
No capítulo V de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec dedicou muitas orientações sobre a questão do sofrimento, suas causas – atuais e anteriores – como também disponibilizou várias instruções dos Espíritos sobre o assunto. Toda vez que estivermos enfrentando momentos difíceis, façamos uma releitura desse Capítulo pois certamente encontraremos muitas respostas, acalmando nossa razão e consolando nosso coração. Destacamos a lição: “Bem sofrer e mal sofrer”, do Espírito Lacordaire. Diz o Benfeitor Espiritual: “O desânimo é uma falta. Deus vos nega consolações se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido frequentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem”.
Em nosso atual estágio evolutivo, infelizmente, ainda temos necessidade do sofrimento e da dor para progredirmos espiritualmente. Não há outro recurso educativo para nossa alma.
Lentamente, no entanto, tomamos consciência de um ensinamento que Jesus nos deixou e que a Doutrina Espírita tomou como bandeira: “Fora da caridade não há salvação”, ou seja, Jesus nos ensinou que se quiséssemos alcançar a vida eterna, era preciso amar a Deus e ao próximo, fazendo a ele tudo o que gostaríamos que ele nos fizesse. Essa é prática da caridade que encontramos nos ensinamentos espíritas, como sendo uma forma de amenizarmos nossas dívidas perante a vida e acelerarmos, ao mesmo tempo, nosso progresso espiritual.
Nosso sofrimento diminui quando diminuímos o sofrimento do nosso irmão. Conquistamos momentos de alegria em nossa vida quando promovemos a alegria para os que sofrem. Foi o que Jesus nos ensinou, mas ao longo de tantos séculos, esquecemos e por isso, ainda hoje, sofremos...
(Tema abordado na reunião pública do dia 8 de outubro de 2012)